segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Review - UnMetal


*Cópia de review para Steam fornecida pela @planofattackbiz

Já visto pelo nome, UnMetal é inspirado em Metal Gear, principalmente os primeiros Metal Gear do MSX e Ghost Babel, trazendo a fórmula stealth-2D com câmera de cima, uma parte pouco explorada do gênero. O jogo foi desenvolvido pela mesma equipe de UnEpic, que eu não joguei mas ouvi elogios em relação às suas mecânicas e jeito bem humorado. É um humor bem bobinho e satírico, lembrando filmes parodiando gêneros como Corra que a Polícia Vem Aí, só que é um jogo brincando com o gênero stealth e diversos elementos de cultura pop.

UnMetal mostra Jesse Fox sendo capturado pelo governo dos EUA, sendo interrogado e contando a história do jogo em si, onde o protagonista foi capturado por um crime que não cometeu, conseguindo escapar da prisão e se metendo no meio de um projeto ultrassecreto de um exército clandestino. Visto a premissa pode até parecer mais sóbria, não se engane, o jogo é todo engraçadinho.

Fox não parece ser o tipo de narrador mais confiável, trazendo momentos absurdos e momentos onde o jogador faz escolhas durante a campanha. Essa narrativa funciona bem no tom cômico de UnMetal, já que Jesse Fox é um cara meio convencido e se vangloria de seus talentos, como o fato de você não poder matar inimigos, o que até cria desafios únicos. E quanto às opções do jogador na narrativa, ele sabe brincar com isso, dando escolhas diferentes para cenários específicos e fazendo algumas armadilhas, onde a opção que parece mais fácil, pode ser a mais difícil, como escolher “um” ao invés de "três" para aparecer apenas um inimigo e Jesse Fox diz “um monte de inimigos”. É uma pegadinha comum na campanha.

Surpreendentemente, UnMetal é todo dublado, e é uma dublagem canastrona, especialmente vindo de Jesse Fox, com sua voz rouca alá Solid Snake, que certamente deve ter arranhado a garganta do pobre dublador. Acho que dá aquele ar de paródia certo, especialmente algo como aquelas animações de Flash dos anos 2000. O problema é no balanceamento do áudio, geralmente Jesse soa num nível e os outros personagens são consideravelmente mais altos, então Jesse fica no mesmo volume e outros não, é perceptível em alguns diálogos.

Em termos de jogabilidade é um jogo furtivo realmente legal e bem variado, poucas vezes você fica no jogo de espera, para fazer movimentos e até coisas como arrastar corpos é rápido, o que não importa tanto, visto que os guardas raramente saem da tela que eles são designados. Inclusive, essa divisão de "telas" para as salas e áreas é algo bem similar à Metal Gear, o que funciona bastante para um jogo de stealth. Você tem um inventário que vai enchendo de itens com o tempo, tendo alguns favoritos, como a moedinha, que chama atenção dos guardas, criando uma distração fácil. A maioria dos itens tem uso mais limitado, onde uns servem como utensílios, outros podem ser combinados para criar novas ferramentas, ou apenas te pegar desprevenido e te matar.

Outra ideia legal é em torno do sistema de XP, onde o jogador só ganha experiência quando nocauteia um inimigo que não foi alertado. Se o guarda te perceber, você se esconder e então derrubar ele, não vai dar experiência também. É complicado conseguir pegar todos, sendo um dos contadores no final de cada capítulo, o outro são as salas secretas descobertas, que eu não achei praticamente nada. A experiência garante novas habilidades indo até o nível 10 e, sim, é possível terminar a campanha sem chegar lá. Ao conseguir um novo nível, você pode escolher entre duas habilidades, que vão desde aumento da sua velocidade normal, até bônus de munição carregada e etc. 

Também há um sistema de achievements in-game, onde você tem que coletar medalhas que revelam quais são os requisitos, gerando uma outra gama de desafios. Há conquistas que dependem de derrotar chefes de uma forma ou se privar de usar algum recurso, como os penicos, que servem como um save em qualquer lugar. Os saves só ocorrem em locais específicos ou quando Jesse utiliza o banheiro, por isso o penico serve como um quicksave, espertinho, né?

Alguns capítulos possuem algumas gimmicks irritantes, como um detector de metais que tem que ser usado manualmente e possui um área de detecção curtíssima. Outro tem um sargento estilo o Sargento Hartman de Nascido para Matar (Fullmetal Jacket), que é especialmente barulhento e é o tipo de piada que dura mais do que devia. O capítulo final também possui um problema, mas é em relação a ser meio extenso, requisitando idas e voltas para os mesmos lugares para pegar um item que você não sabia que agora está lá. Isso acabou me chamando atenção pelo fato do jogo ter um pacing bom, até esse momento.

A campanha principal tem seus pontos de dificuldade, especialmente alguns chefes que são mais complicadinhos. Vez ou outra tem algum puzzle que é um pouco confuso e mesmo utilizando seu rádio para falar com seus contatos não trazem dicas boas, isso se trazem dicas. Fiquei preso em certos pontos e tentando um pouco de tudo para desvendar como avançar, acaba dependendo de tentativa e erro e é meio frustrante. Dito isso, há ainda muitos puzzles legais, que utilizam de toda suas habilidades de improviso, e situações bem pensadas, até fiquei surpreso com o fato de eu não ter levado um personagem importante, que estava debilitado, para uma bossfight, e isso gerou um game over, já que ele não estava presente no cenário durante a cena, logo ele não poderia te salvar. Há bastante detalhezinhos que foram bem pensados.

UnMetal tem bastante charme e é bem humorado. Por mais que nem todas piadas possam ser o humor mais refinado, foi uma jornada divertida ao todo. Misturando boas ideias e atenção a meros detalhes, o que funciona como comédia, também funciona como jogo e além de homenagem à série Metal Gear. Estranhamente, foi lançado há tempo para o PSVita, provando que o portátil da Sony respira por aparelhos, mas finalmente temos o jogo disponível para todas as plataformas que tem mais do que 5 jogadores.

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