sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Review - Tom Clancy's Splinter Cell

Da época onde a Ubisoft não abusava de nossa boa vontade com repetitivos títulos de diversas franquias, nasceu Splinter Cell. Por mais que portasse o nome de Tom Clancy, não era adaptação de alguma de suas obras, mas tinha benção do autor para ter seu nome ali e, provavelmente, dar dinheiro para o falecido escritor. Seguindo a linhas dos trabalhos populares de Clancy, quer dizer, é ao menos o que acho, nunca li nada do cara, Splinter Cell é uma história de agentes militares de um setor especial dos Estados Unidos chamado Third Echelon, especializados em operações furtivas e espionagem.

Sam Fisher, ex-soldado da Marinha Norte Americana, é o agente da Third Echelon despachado para o país da Geórgia com objetivo de investigar o sumiço de dois agentes da CIA. O que leva Fisher a descobrir que os agentes acabaram sabendo demais em relação aos planos do atual presidente da Geórgia, indo para conspirações e atos terroristas que devem ser impedidos pelos EUA e o cara para fazer isso é o nosso nobre protagonista.

Não é lá uma história tão interessante, o que é bacana são as cutscenes entre missões. Apesar de serem aquelas cgs datadas, as interações entre Fisher e a equipe do Third Echelon são legais, especialmente com Irving Lambert, velho conhecido de Sam. A dublagem é um destaque a parte, Sam Fisher é dublado por Michael Ironside, que tem uma excelente performance e traz toda personalidade do agente, enquanto o resto do elenco também é bom, tirando personagens secundários que são mais exagerados, geralmente com sotaques cômicos. Outro aspecto legal são os noticiários entre as missões, mostrando uma perspectiva externa dos acontecimentos ocorridos durante a campanha principal, como a mídia lida com isso e o que é divulgado oficialmente.

As fases são lineares, não tem muito o que se perder nos mapas, as soluções são bem diretas e a ideia é mais desvendar seu caminho para ter sucesso em suas infiltrações. Pode requisitar certa paciência do jogador, já que raramente você tem que resolver seus problemas na agressividade pura, ainda mais pelo fato que até sua mira necessita de um tempo para o retículo fechar e dar um tiro preciso, o que pode ser irritante quando você está necessitando daquele headshot pra resolver seus problemas e a bala passa por um pentelhésimo longe da cabeça do alvo.

A campanha tem uma progressão legal, com uma boa curva de dificuldade e te dando itens novos que vão virar o padrão de seus equipamentos, como a visão termal e, um dos itens mais importantes, o SC-20K, um versátil rifle com silenciador, que além de ser uma arma letal com seus disparos rápidos, pode atirar câmeras, granadas de fumaça, projeteis de aerofólio e um dardo de choque. É o equipamento ideal para um jogo como Splinter Cell.

Fisher tem algumas habilidades acrobáticas, podendo pegar impulso ao pular contra uma parede, fazendo um “parkourzinho” básico, que não é exatamente tão usado, mas certamente é mais útil que o espacate que você aprende no tutorial e não achei nenhuma utilidade real. Fora isso, se agarrar em beiradas, se pendurar em canos e outras diversas formas de se esgueirar, sempre aproveitando das sombras para não ser visto, ou você mesmo criando a escuridão ao apagar as luzes ou atirando em lâmpadas é bastante útil. Por mais que seja um produto do início dos anos 2000, ainda é impressionante ver toda essa parte de tecnologia e como eles tentaram emular essa parte mais física e realista com suas limitações da época, o que melhoraria com suas sequências.

Dito isso, limitações pode ser a palavra para resumir os defeitos do primeiro jogo. Como já dito, os mapas não dão muita liberdade, não há rotas diferentes, há alguns bugs aqui e ali, furtividade é o pilar fundamental, mas não precisa ser tão restritivo e qualquer trecho que necessite confronto é meio chato, já que o "gunplay" não é legal. Joguei a versão de PC, onde o savestate rola solto e imagino que seja melhor justamente por isso. Não que seja terrivelmente difícil, porém um errinho bobo pode estragar tudo e às vezes não é culpa do jogador. Como já mencionei, a precisão da mira vai te sacanear alguma hora, ou algum bug vai acontecer e fazer você perder o progresso.

A tagline do primeiro Splinter Cell é "Stealth Action Redefined", provavelmente seguindo a nomenclatura de "Tactional Action Espionage" de Metal Gear Solid, e certamente é um título adequado. Splinter Cell deve ter sido bem ambicioso para sua época, sendo um dos exclusivos do Xbox original antes de ser lançado para praticamente tudo e o uso de luz e sombra em suas mecânicas deve ter sido absurdo. Fora o fato de ter todos apetrechos e as habilidades "acrobáticas" de Sam Fisher, o que faz você se sentir realmente como um espião high-tech, como Ethan Hunt de Missão Impossível.

O jogo te coloca em diversos cenários pequenos com poucas opções de exploração, o que torna ele meio que linear demais, visto que a graça de muitos outros jogos do gênero são suas rotas diferentes e como você descobre isso. Sair matando todos inimigos ou ir por um caminho não-letal não faz muita diferença, tirando missões onde você não pode matar os guardas. Enquanto a ideia de Splinter Cell estava no lugar certo, ainda precisaria de uma melhorada para brilhar de verdade.

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