segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Review - AI: The Somnium Files: nirvanA Initiative

De jogos no qual eu esperava sair uma sequência, estaria mentindo em dizer que AI: The Somnium Files seria um deles, cujo escrevi uma review dele aqui no blog. É mais uma história de Kotaro Uchikoshi, diretor e escritor da série Zero Escape, que parecem serem jogos minimamente populares, mas sempre ficam para trás comparando com esses adventures/visual novels/puzzles na linha de Ace Attorney, Danganronpa e outras coisas com cara da Spike Chunsoft.

Ao menos, AI foi popular o suficiente para render AI: The Somnium Files: nirvanA Initiave, com um título enorme com um trocadilho, seguindo o padrão de outras jogadas de história e visuais do Uchikoshi, que apesar de não ser diretor, ainda é o roteirista, enquanto o diretor é Akira Okada, co-diretor e game designer do primeiro jogo. Não vou afirmar que isso tenha sido uma mudança tão drástica, visto que o maior elemento de narrativa continua na mesma linha dos seus trabalhos, enquanto a jogabilidade é mais refinada e com puzzles menos estranhos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Review- The Last of Us Part 1


A produção de The Last of Us Part 1 é curiosa, após a Naughty Dog concluir The Last of Us Part 2, um jogo enorme em escopo e com grande primor técnico, o estúdio ficou com um time grande de desenvolvedores sem ocupação dentro do estúdio (após Uncharted 4 a desenvolvedora aumentou muito seu número de funcionários para conseguir conceber um projeto dessa magnitude) e como o próximo projeto de Neil Druckmann não entrava em pleno desenvolvimento, a decisão tomada por esse time foi criar um novo projeto para não ficarem como tempo ocioso, já que a intenção era eles participarem da próxima criação do estúdio. Então a ideia de fazer um remake do aclamado jogo de 2013 veio à tona e foi aprovada pela direção do estúdio.

Podemos discutir se um remake de um jogo, que já não é tão recente, é realmente necessário ainda mais se levar em conta que é razoavelmente moderno(tecnologicamente falando), mas confesso que ver uma das minhas narrativas favoritas dos videogames ser recriada pelo com recursos atuais é uma ideia que me fascina principalmente por se tratar de ser recriado com as tecnologias da própria Naughty Dog que é sem dúvida o estúdio com maior primazia técnica da atualidade.

Pra começar, The Last of Us Part 1 não foi "construído do zero" como as propagandas da Sony alardearam, já que aproveita em sua totalidade toda a base do jogo original. The Last of Us Part 1 pode ser descrito com mais exatidão como uma recriação do jogo original. A mesma história, a mesma jogabilidade, a mesma arte, a mesma música e o mesmo roteiro, mas tudo em uma nova e moderna engine e com todas as suas áreas com incrementos, sejam eles mínimos ou não.

Começando pela maior mudança que foi a parte gráfica. The Last of Us Part 1 é feito com a mesma engine da Part 2 e isso traz um caráter mais realista e cinzento do que o jogo original que usava cores mais fortes, o que deixa a violência do jogo ainda mais crua e a Naughty Dog foi esperta o suficiente para transportar o sistema de mutilação da Part 2 para esse jogo, o que faz esse remake ser substancialmente mais violento que o original.

Os ambientes estão mais detalhados e bem mais interativos já que os cenários são mais destrutivos,  reagem melhor aos seus movimentos e não parecem totalmente inertes ao que está acontecendo, paredes são perfuradas com seus tiros, vasos se quebram e até carpetes no chão reagem ao seu caminhar. O esmero visual da Naughty Dog está totalmente presente aqui. 

O remake mantém o mesmo escopo do jogo original com pequenas mudanças na direção de arte, basicamente algumas alterações em posição de objetos, mas com uma quantidade muito maior de texturas, a vegetação ganha muito mais vida e imponência nessa versão, a água é bem mais realista e mais detalhada em seus efeitos e suas alterações no ambiente e jogador, como os reflexos que podemos ver em poças de água ou espelhos.

O sistema de iluminação foi totalmente refeito, as sombras são mais realistas e se encaixam melhor nos cenários, não gerando aquelas situações onde alguns itens do cenário geravam sombras irrealistas, ou até mesmo sombra nenhuma, porém é uma pena o jogo não ter ray-tracing.  O jogo tem o mesmo tamanho de sua versão de 2013 mas parece ser bem mais grandioso.

The Last of Us Part 1 é um deslumbre visual, mas sua sequência continua sendo mais impressionante pelos seus cenários que são tão detalhados quanto os dessa versão mais bem maiores e mais ricos em diversidade, porém é louvável o trabalho de reconstrução que a Naughty Dog completou nessa nova versão.

A história permanece inalterada, percebi apenas dois easter eggs que contribuem para o enredo da parte 2, mas devido a utilização das gravações do jogo original com a remodelação completa de todos os personagens, The Last of U part 1 consegue se destacar ainda mais com as performances dos atores, que conseguem transmitir suas emoções com exatidão, já que suas expressões faciais são fielmente reproduzidas o que deixa a história do jogo ainda mais rica.

A base de gameplay é a mesma do jogo original mas com incrementos bem vindos como a reformulação da Inteligência Artificial, os inimigos tem mais movimentos e comportamentos mais variados e eles não são mais cegos ao ignorar seus aliados na frente deles e seus aliados não se enfiam mais dentro do campo dos adversários a todo momento. Os movimentos também são um pouco mais fluídos graças às novas animações e pelo jogo correr a 60 quadros por segundo no modo de desempenho(o ideal para jogar). The Last of Us nunca esteve tão bom de jogar, mas fica um vazio por não ter aproveitado as mecânicas que surgiram no 2, ou até mesmo criar novas, soa como uma oportunidade desperdiçada.

Algo que merece destaque é o som do jogo, joguei usando o headset Pulse da Sony e tornou a experiência ainda mais profunda, o jogo ganha uma nova camada de terror jogando dessa maneira, é profundamente agoniante ouvir os clicks de um Clicker vindo lentamente em sua direção.

The Last of Us Part 1 é um jogo tecnicamente brilhante que enche os olhos, é realmente emocionante jogar um de seus jogos favoritos nesse nível de qualidade, mas durante toda a jogatina fica uma sensação de que poderia ser algo mais principalmente se levar em consideração o que foi feito em The Last of Us Part 2, a sensação é que uma grande oportunidade foi desperdiçada. É importante destacar a desonestidade da Sony em  cobrar preço cheio sobre esse jogo. O remake de Shadow of the Colossus foi feito nos mesmos moldes desse(reformulação visual e mantendo a mesma base de gameplay) e com rigor técnico tão bom quanto essa versão, mas foi lançado por 40 dólares. The Last of Us Part 1 é lançado por quase o dobro(70). Sony nunca foi conhecida por prezar pelos seus fãs mas às vezes o golpe é baixo demais.


7/10