quinta-feira, 3 de junho de 2021

Relembrando a Oitava Geração - Os Dez Melhores Jogos

Após as a parte 1 e parte 2 onde eu relembrava jogos "interessantes" da geração anterior, que nem parece que acabou devido a falta de algum título bombástico para o PS5 e o Series X|S, fora que estamos numa realidade difícil onde até arranjar os consoles em si está complicado. Enfim chega de enrolação, entre tantos títulos excelentes que tivemos nos últimos anos, escolhi os que mais me marcaram e recomendo a qualquer um. Claro que tem muita coisa que não joguei, alguns que vou mudar minha opinião com o tempo, então a lista não é necessariamente numa ordem de melhor, e sim de um jeito que acho mais apresentável. Sem mais delongas:

Phoenix Wright: Ace Attorney: Spirit of Justice

Bem... Provavelmente os portáteis não estão dentro dessas gerações, mas me lembrei desse jogo esses dias e o quanto gosto dele. Sou fã de Ace Attorney há anos e deixei Spirit of Justice passar despercebido após jogar Dual Destinies no lançamento (pelo Youtube) e não achar lá essas coisas. Até adquirir um 3DS e jogar as duas últimas aventuras do grandessíssimo Phoenix Wright.

Dessa vez o advogado é levado para o reino de Khura'in, um país distante com similaridades com a Índia e Nepal, tendo a peculiaridade de ser monarquista e odiar advogados. Os julgamentos são facilmente resolvidos devido a um ritual espiritual que mostra os últimos momentos da vida das vítimas. Claro que sendo um Ace Attorney, nenhum crime é tão simples devido aos criminosos ardilosos, que sabem como acobertarem seus atos, considerando o fato que há um método de ver a perspectiva da vítima ainda, é uma ideia nova que traz resultados incríveis.

Acredito que o jogo conseguiu acertar em praticamente tudo que o anterior não conseguiu, principalmente fazendo justiça a Apollo Justice (hah), que ficou com um dos backgrounds mais bagunçados da série, mas recebe seu devido valor neste jogo. A ideia de um país que odeia advogados somado a uma franquia que sempre foi um caso de culpado até que se prove inocente, eleva a comédia para níveis absurdos, fora os assassinatos mais elaborados e uma história incrível das figuras políticas de Khura'in. Spirit of Justice consta facilmente entre os melhores da série, junto de Trials&Tribulations e o Investigations 2. Espero que toda a série receba lançamentos para consoles e PC em breve, e vendo que The Great Ace Attorney finalmente será localizado para cá, aumenta a esperança que a Capcom continue investindo na minha novelinha judicial favorita.


Red Dead Redemption 2

A polêmica sequência do venerado sandbox da Rockstar que eu nunca joguei. Red Dead 2 não capturou meu interesse em meio ao hype do lançamento, até começar ver muitas reclamações sobre o "ultra-realismo" e a chatice da gameplay entre coisas como um prólogo de duas horas. Achei interessante não ser apenas um GTA de cowboy e fiquei interessado em saber se eles estavam sendo ousados ou apenas estavam com a cabeça no próprio rabo com essas ideias. E jogando posso dizer que é um pouco de cada.

Enquanto a história certamente tem suas derrapadas, não acho o prólogo necessariamente ruim, mas entendo quem não gostou, imagino que elas devam odiar mais o epílogo de dez horas, que eu também não sou muito fã. O que é mais complicado é o ritmo da narrativa e como o negócio vai de lá para cá, sem ter um rumo exato. Uma gangue vendo a modernidade invadir seu mundo selvagem e procurando uma forma de sobreviver, mas não deixando de cometer suas atrocidades costumazes. A narrativa foca em Arthur e suas desavenças com os planos e promessas de Dutch, líder da gangue e quase um pai para o protagonista. Para quem jogou o primeiro Red Dead Redemption, já tem uma ideia do que vai acontecer, eu nem joguei mas peguei spoiler da época, mas é uma história fadada à desgraça, e talvez seja por isso que ela seja tão marcante.

O longuíssimo tempo de produção e orçamento bilionário da Rockstar são visíveis no tamanho cuidado em te ambientar nesse mundo selvagem, bem como o passos iniciais da civilização moderna em 1900 e lá vai bolinha. Mesmo com problemas na narrativa, as missões repetitivas e outros detalhes, Red Dead 2 é instigante. Se você pegar seu cavalo e ir de um ponto x até um local desconhecido, vai encontrar diversas coisas, sejam cenários novos, com vegetações e animais diferentes, como npcs trazendo alguma jornada diferente e mostrando a natureza e esse mundo de "velho oeste" que só um estúdio gigantesco poderia fazer.


Gravity Rush 2

Um caso um tanto complicado. Gravity Rush não é lá uma série com a jogabilidade mais apurada, o controle de gravidade é uma ferramenta curiosa, sem ser uma demonstração incrível de física em jogos e como ela usada é meio desengonçada. Porém há um aspecto bem agradável em torno o uso de suas habilidades gravitacionais para explorar esse misterioso mundinho, fora alguns desafios utilizando suas ferramentas de movimento. Gravity Rush 2 até implementa desafios melhores para o uso da gravidade, fora modos diferentes, um que te deixa mais leve e um mais pesado, e até restringir seus poderes cria desafios criativos.

Acredito que o ponto mais forte de Gravity Rush seja a ambientação, os locais a serem explorados possuem uma variedade visual e pontos interessantes, facilmente me encontrava perdido, observando alguns detalhezinhos da cidade. O novo cenário traz uma cidade divida por ilhas flutuantes uma acima da outra, indo da região mais baixa e mais pobre, até a parte superior, onde ficam a base militar e o governo da cidade. Então temos a protagonista Kat com seus poderes gravitacionais, surgindo do nada nesse mundo novo e procurando uma forma de retornar a seu lar, e também entrando no meio dos problemas da cidade. A inclusão de uma máquina fotográfica dentro do jogo ainda incentiva mais essa parte de observar o ambiente ao seu redor, provavelmente um dos jogos que mais gastei tempo tirando fotos por aí. 

O, agora falecido, multiplayer, onde o objetivo era esconder um baú e tirar uma foto da locação, recompensando os jogadores com a moedinha do jogo, era uma proposta simples mas bem divertida. O mais similar que encontrei foi a caça de balões de Super Mario Odyssey. Infelizmente os servidores foram desligados e não há forma de jogá-lo atualmente. Entendo o fato da série não ter sido um tremendo sucesso, o que não me impede de ficar puto com a forma que ela foi tratada. Acredito que não seja um investimento tão grande da Sony, visto como as mudanças atuais do estúdio, e é visível que há algumas partes meio avançadas neste jogo. 

O primeiro Gravity Rush acabava com muitas questões e o segundo resolve muitas delas, além de já começar te colocando em um local novo e novos conflitos, há uma ponte entre os jogos através de uma animação chamada Gravity Rush: Overture e uma DLC do jogo. O jogo praticamente acaba o plot principal e lhe entrega um capítulo final que fecha muitas pontas soltas. Não pareceu ser algo originalmente pensado para ser o final em si, mas imagino que o time de desenvolvimento já deveria ter uma ideia que dificilmente poderia haver uma nova chance. Enfim, fico feliz de ao menos poderem dar continuidade e final ao peculiar jogo do esquecido PSVita, que me marcou e já deixa saudades.



Yakuza 0

Como já dá pra ver pelo nome, Yakuza 0 é uma prequel, se passando no finalzinho dos anos 80, com o jovem Kazuma Kiryu e Goro Majima, dois importantíssimos personagens da série. Após a série mal conseguir se segurar no Ocidente e ter lançamentos atrasados, o próprio Y0 saiu em 2015 no Japão e só veio para cá em 2017, tivemos um lançamento mais caprichado e com algum destaque. Seria o ponto ideal para muitas pessoas conhecerem Yakuza, como foi meu caso, e sem dúvidas ele deve ser facilmente um dos melhores, se não O melhor da série. Visto que ele foi o último Yakuza "tradicional" antes de introduzirem a Dragon Engine, parece que eles despejaram tudo o que tinham de melhor aqui.

Acho que o maior acerto é a narrativa dividida entre os dois personagens já mencionados. A história vai fazendo transição de um para o outro e vai criando uma conexão entre as duas narrativas. Assim como outros jogos da série, são pessoas colocadas contra situações quase impossíveis e que tentam perseverar com alguma honra e bondade no meio dessa organização criminosa. Yakuza geralmente te dá a chance de se vingar daquele personagem babaca que te ferrou durante a história e toda essa parte de apresentação e o combate, por mais que não seja a coisa mais técnica e sofisticada, é bem divertido, tendo um sistema de upgrade interessante, estilos de luta diferentes e os heat actions, ações contextuais criativas e violentas. Servindo muito bem tanto para confrontos memoráveis com os chefões mais carrancudos até os diversos capangas na rua.

Yakuza reutiliza muitos recursos entre jogos, Kamurocho aparece em praticamente todos os jogos, animações, minigames e diversas coisas são comuns, e mesmo sendo a primeira vez que tive contato com a franquia, acho que Zero é uma das "interpretações" únicas da série. A ambientação dos anos 80 é fantástica, tendo que não apenas há dois personagens jogáveis como há uma cidade para cada um explorar, onde as noites são mega iluminadas e vivas, pessoas pra lá e pra cá, lugares como cabarés, restaurantes, arcades e danceterias com música disco fervendo. É difícil não se apaixonar pelo jogo e não querer saber mais de todo esse universo. O que me leva para...


Yakuza: Like a Dragon

Após terminar Kiwami 2 e Yakuza 3, me surgiu a oportunidade de comprar Yakuza: Like a Dragon por um precinho camarada. Por mais que cada título tenha bastante peculiaridades, não é exatamente aquela coisa que dê pra jogar muito seguido sem acabar se sentido entediado. Like a Dragon é um JRPG com batalhas por turno, homenageando o mais clássico do gênero, onde o próprio protagonista diz ser um grande fã da série. Acompanhamos uma nova história com Ichiban Kasuga, um yakuza da família Arakawa, que acaba sendo preso por 18 anos para acobertar um assassinato realizado por um superior. Após cumprir sua sentença e sair da cadeia em 2019, ninguém da sua família estava lá para recebê-lo, nem mesmo o patriarca Masumi Arakawa.

O mundo mudou muito em quase 20 anos, assim como a yakuza, em sua jornada de readaptação à nova sociedade e a nova yakuza, Ichiban se junta a outras pessoas na margem da sociedade, como mendigos, prostitutas e criminosos. Like a Dragon lida com a área "cinzenta" da sociedade, pessoas que vivem na beira da legalidade e são vistas com maus olhos para cidadãos comuns, e os políticos atuais querem eliminar esses grupos, mas sem pensar em reformá-los ou as consequências disso. Em meio sua busca por Masumi Arakawa, nosso protagonista esbarra nessa briga social e ajuda os injustiçados, sendo um yakuza em si e órfão criado numa soaphouse.

Ichiban é muito diferente do arquétipo mais sério, silencioso e descolado de Kiryu. Sua personalidade falastrona, social e alegre o torna um personagem bem único, movendo as mais diversas pessoas ao ajudá-lo em sua jornada. O que se reflete na jogabilidade, já que aqui temos uma "party" ao invés de um exército de um homem só. Mesmo sendo uma mudança drástica de gênero, os elementos de RPG de turno caem como uma luva para a série, fora a parte cômica absurda combinar muito bem e misturar o fantasioso com o realista. Os personagens tem classes/jobs que são realmente empregos, coisas como cozinheiro, dançarino, idol, policial, com todas classes contando com golpes espalhafatosos e outras técnicas.

Diria que as batalhas por turno ainda são a parte menos interessante, já que o combate em si tem falhas em alguns sistemas e o jogo é bem fácil no geral, tendo duas vezes uma "parede", que te faz buscar por níveis e equipamentos melhores, e deixando a maioria dos desafios pro pós-game. Em compensação, o resto é todo excelente, indo da exploração da nova cidade de Yokohama, os minigames, a narrativa principal, os personagens e suas interações. Like a Dragon é o início de uma nova era em Yakuza, apostando em mudanças, sem perder sua essência.


13 Sentinels: Aegis Rim

Vanillaware é um estúdio bem distinto entre os estúdios japoneses por seu estilo, e não só o estilo de arte sensacional. Cada jogo deles também carrega uma enorme paixão por suas inspirações e tudo o que eles apresentam. Meu maior contato com eles foi Dragon's Crown e é visível todo amor por RPGS e o mundo medieval fantástico, e 13 Sentinels é a mesma coisa, só que para ficção científica. O que é que você já tenha visto em alguma obra do gênero, provavelmente vai haver algo similar no jogo, e o mais impressionante é como conseguiram amarrar tudo isso. 

O jogador acompanha a história de treze jovens japoneses, onde grupos deles vêm de períodos de tempo diferentes, como dois garotos na época da Segunda Guerra, estudantes nos anos 80 e etc. Em todas as épocas, acontece um ataque de kaijus na Terra e 13 desses personagens são escolhidos para pilotarem mechas e enfrentar essa ameaça. Em meio a diversos tropes e clichês, 13 Sentinels consegue contar uma narrativa não-linear com múltiplas escolhas que desenrolam a trama. É um pouco confuso, mas mais pro lado bom, é uma história que vai entregando pedaços da trama de forma que o jogador pode resolvendo o quebra-cabeça principal, fora que há um modo arquivo que tem todos elementos da narrativa e uma linha do tempo.

Além da história, tem o modo de batalha de estratégia em tempo real, onde os mechas enfrentam os kaijus. Cada personagem controla um mecha que são divididos em classes, como longa-distância, corpo-a-corpo, suporte e "meio termo". Há bastante coisinhas para pensar durante o preparo e as eventuais lutas, é um sistema bem interessante, apesar de ser visualmente simples comparado a narrativa principal que apresenta a belíssima arte da Vanillaware. As sessões de combate e história são apresentadas em modos separados, para que o jogador escolha o que quer fazer, e eventualmente vai ter que fazer de tudo, já que uma afeta a outra.

É um jogo difícil de falar sobre quanto ele é bom, pois boa parte vêm da história e quanto menos souber, melhor. É uma experiência bem ambiciosa e sem igual, fora ser surpreendente vindo de um estúdio que não era conhecido exatamente por um foco narrativo, mas digo sem sombras de dúvidas que é do mais alto nível e de uma forma que apenas jogos eletrônicos podem oferecer.


Doom Eternal

Não contentes em fazerem Doom 2016 um belo retorno à forma, a Id Software resolveu simplesmente focar em como deixá-lo mais rápido e com um visual mais cartunesco e colorido, sem deixar a identidade diabólica de Doom. Gosto bastante do design rústico dos jogos antigos e a implementação deles em Doom Eternal foi muito legal, dando um destaque para cada um no meio do caos do combate, o que é uma melhora do estilo mais monótono do 2016 e segue uma ideia similar ao Doom de 1994. Se há algo que eles fizeram de mais diferente foi em termos de história, que não consigo me importar muito com os textos quilométricos, mas as cutscenes mostrando o DoomSlayer sendo o sr. fodão de tudo me divertem bastante. É um sentimento juvenil de fazer algo foda e acho que é adequado à franquia. 

Para criar um combate onde você tem recursos limitados, suas armas não guardam tanto munição, os inimigos podem arrancar sua vida em questão de segundos. A filosofia de Doom 2016 persiste, não fique parado, mas também, não deixe de usar todos seus recursos. Glory Kills para conseguir vida, incendeie inimigos para conseguir armadura, passe a motosserra para conseguir munição. Essas ideias simples funcionam no meio da "dança' caótica que são as lutas de Doom Eternal. Certamente, levou bastante determinação do time para fazer essas decisões, que no fim funcionaram. Eternal parece ser a forma mais perfeita de como um FPS AAA pode ser puramente frenético e divertido.


Streets of Rage 4

Um esperado retorno... Na verdade... Acho que nem era mais esperado. Streets of Rage ficou preso como uma das séries mais queridas do Mega Drive (apesar do terceiro), tendo tentativas de sequência que não foram pra frente, ou virando outro jogo, como Fighting Force, e mais uma entre as diversas ips da Sega que mereciam uma sequência. Após 26 anos, surge Streets of Rage 4, vindo de uma união de 3 estúdios: a GuardCrush, Dotemu e LizardCube. O que garantiu um retorno com visuais refinadíssimos e uma jogabilidade excelente, sem contar a trilha sonora que já é marca da série.

O que acredito que SoR4 mais acerta é no "ritmo". É um beat 'em up assim como diversos, mas fazendo tudo direito, como inimigos diversificados e com comportamento único e um sistema de combo que incentiva o jogador a procurar aperfeiçoar o uso de toda movelist. Os cinco personagens, fora as adições dos clássicos, são bem distintos e cada um tem seu estilo de jogo, fazer as pontuações mais altas de cada fase requer um conhecimento de como cada um deles funciona. saber dos padrões de inimigos e não deixar o medidor de combo cair. É claro que isso não é o chamariz principal, porém é algo que fico feliz de alguém entender e transpor num jogo, mas mesmo o jogador mais casual pode se divertir sem se preocupar com isso num co-op caótico de quatro pessoas no espírito mais memorável do gênero.


Danganronpa V3

Outro caso de jogo onde não posso falar muito para não estragar a história. Danganronpa é uma série que chama atenção no meio de adventure/visual novel por diversos fatores. O traço dos personagens é bem distinto e sempre apresenta características únicas para cada um, além dos ambientes em 3D com sprites 2D no meio, sem dúvida a série é bem estilosa, até mesmo o fato do sangue ser rosa. 

O que acaba sendo mais interessante é a premissa, colocando estudantes talentosos são presos dentro da sua escola e obrigados a participar dum jogo mortal, onde quem matar outro colega sem ser descoberto é libertado, condenando todos os outros à morte. Então o jogador deve viver seu dia-a-dia nesse cenário macabro até um assassinato ocorrer, o que o leva à investigar e discutir no tribunal com os outros personagens para descobrir quem é o assassino. O que Danganronpa V3 tem de especial comparado aos outros? Bem, Danganronpa 2 já foi uma "brincadeira" com o primeiro jogo, mexendo com as expectativas do jogador e criando uma história mais interessante e V3 faz o mesmo. 

Como já mencionado, a proposta da série é chamativa e a jogabilidade "Ace Attorney"-ística é divertida. Você mostrar que outra pessoa está errada, ou mentindo, e jogar evidências na cara dela é extremamente satisfatório. E V3 tem a possibilidade de você mentir, que é uma ferramenta mais opcional do jogo, mas adiciona uma possibilidade recompensadora aos jogadores mais apurados com a narrativa, fora o fato de fazer bastante sentido com a proposta do jogo. Mais uma vez, é difícil falar dele sem spoilers, então é uma recomendação complicada, principalmente por ser o tipo de jogo que requer que você tenha jogado os outros, que são legais, apesar de alguns problemas de ritmo e casos meio ruins. São jogos de trinta horas para cima, porém a jornada insana e a despedida são mais do que compensadoras.


Devil May Cry 5

Guardo DMC como uma série bem especial, apesar de ter apenas dois jogos que amo, no caso Devil May Cry 3 e Devil May Cry 5. Apesar da complexidade do combate e belos gráficos, DMC4 é claramente um jogo que teve problemas em seu desenvolvimento e não foi lançado em seu potencial, vindo de uma época onde a Capcom já estava desvalorizando muitas franquias e entrando num poço maior com títulos duvidosos, o que levou à DmC: Devil May Cry, um reboot desnecessário e que descaracterizava o estilo da série.

Então a franquia teve sua chance de brilhar novamente e trazendo um pouco de tudo dos outros títulos da série, incluindo o infame DmC. Devil May Cry 5 é um absurdo, focando em trazer fases mais lineares e o foco em combate, que a série sempre foi mais forte, tendo pouca exploração e outros resquícios de "Resident Evil". Felizmente, ele sempre procura trazer alguma coisa nova durante a campanha, sejam inimigos, armas novas, chefes, até sistemas, tudo para acrescentar na jogabilidade. Nero ganha braços mecânicos novos que tem uma variedade de ações e Dante tem um arsenal gigante e cheio de golpes, enquanto V, o novo personagem, tem um estilo de jogo único, mas sem muitas opções.

Já que temos a Special Edition, não adianta esconder que Vergil está de volta. Ele e Dante são os personagens mais completos em termos de golpes, sendo os mais avançados do jogo. Acredito que eles tenham focado em fazer algo mais diferenciado para jogadores novatos, mas acho que ainda poderiam dar um kit maior para Nero e, especialmente, V. Isso é mais um problema para quem vai se aprofundar no jogo refazendo missões, jogando Bloody Palace e treinando combos, enquanto os jogadores casuais devem ter uma experiência satisfatória com o básico, apesar de achar a campanha principal moleza até demais.

No fim, estou reclamando um pouco de barriga cheia, pois joguei horas e horas de DMC5 no ano de lançamento e mais horas com a DLC de Vergil. Apesar de aspectos que poderiam ser melhores, era difícil imaginar que DMC5 iria existir anos atrás, e ainda é difícil imaginar o quão bom ele foi. Acho que o maior mérito de DMC, que o quinto jogo mostrou com maestria, é trazer uma experiência de ação absurda com momentos cômicos e uma narrativa simples, mas com personagens memoráveis e bem desenvolvidos. É um lado "radical e descolado", que também é bobo e divertido, e um lado dramático e emocional, feito de forma genuína, por isso tenho tanto apreço pela franquia.


Consigo ver bastante jogos listados ainda sendo maravilhosos daqui há uns 10 anos, o que não posso dizer o mesmo da sétima geração, onde vejo que muitas séries, como Bioshock, Fallout e Mass Effect, acabaram perdendo sua magia com o tempo. Era uma época que videogames estavam numa direção muito pasteurizada, AAA americanos dominavam e japoneses tentavam emular o estilo e acabavam gerando produtos duvidosos.

Hoje em dia o mercado de games parece ser bem diversificado e há um espaço pra os mais diversos jogos. A oitava geração ainda começou com alguns estigmas e más práticas do passado, mas de 2017 pra cima lançaram tanta coisa boa que escrever esse artigo foi difícil, e ainda deixei dois de fora: Disco Elysium, que não terminei, mas gostei muito do conceito e execução do RPG focado em conversações e pensamentos onde a party está em sua cabeça; E Ace Combat 7, terminei recentemente, só não acho que explorei todo o potencial, mas me pegou desprevenido em meio seus gloriosos combates nos ares, onde caças rasgam pelos céus e explodem uns aos outros.

Fico feliz que ainda há bastante coisa que ainda preciso experimentar e como ainda posso achar novos favoritos e, por mais que a nova geração ainda não parece ter mostrado nada muito impressionante, espero que continue elevando a qualidade que tivemos nesses últimos anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário