quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Review - Clock Tower 3


Entusiastas de jogos de terror já devem ter ouvido falar de Clock Tower, muito provável que tenha sido do primeiro jogo, que é um dos poucos do gênero para Super Nintendo, e nunca foi lançado oficialmente fora do Japão, conseguindo um destaque devido a tradução feita por fã que se encontra aí pela internet. A série acabou parando nas mãos da Sunsoft, após a desenvolvedora original, Human Entertainment, falir, que se juntou a Capcom para lançar o Clock Tower 3, curiosamente, é o quarto título da série, mas como o primeiro não foi lançado aqui, dá pra entender o título.


Enquanto os outros jogos tinham clima mais terrorzão, Clock Tower 3 coloca uns elementos bem peculiares, começando pela sua proposta. Alyssa, uma jovem estudante de um colégio interno, recebe uma carta de sua mãe pedindo que ela fique escondida até seu décimo quinto aniversário, então a garota fica curiosa e faz o oposto, voltando para sua casa, uma mansão velha, onde decide investigar o sumiço de sua mãe, o que a leva de volta no tempo numa Londres sendo bombardeada no meio da Segunda Guerra Mundial e isso nem é o pior, há um serial killer rondando a cidade.

O conceito principal é muito bom, ser jogado no meio de algum cenário com um assassinos e com uma traminha por trás de uma das suas vítimas, porém não é executado no seu maior potencial, já que o jogo é curto, dando no máximo umas seis horas pra terminar e a história principal não é lá algo muito bom, até as tramas comuns de cada assassinato são a parte mais interessantes da narrativa, isso junto das cutscenes que são bem estranhas. As cenas são bem "teatrais", os personagens se movem e se expressam de jeito meio exagerado, é até meio cômico, embora combine perfeitamente em cenas de perseguição, ou quando vai mostrar um dos antagonistas malucos.

Ajudar cada alma atormentada não é simples, já que tem um assassino na sua cola e você terá que ter cuidado, já que não há "vida" e sim uma barra de "pânico". Quando perseguida por um inimigo, ser atacada, ou estar muito próxima de um ataque, aumenta na barra de pânico, se encher, a protagonista entra em desespero, correndo e tropeçando, o que impossibilita ela de pegar itens e interagir com o cenário. Para evitar isso, há itens que diminuem o pânico e locais para se esconder, ou outros que mostram uma cutscene onde o psicopata fica "desabilitado" por algum tempo.


O jogador também tem acesso a água-benta, um item essencial que quebra selos mágicos e também atordoa os psicopatas, seu uso é limitado, mas pode ser enchido novamente, geralmente perto dos savepoints. Não tem muito além desse padrão pré-estabelecido, então sua duração acaba não gerando um problema de repetitividade, o problema é que os cenários são meio básicos, não há muitos caminhos pra se explorar e dificilmente dá pra ficar perdido, tirando alguns casos que não há indicador nenhum. 

Estranhamente, há combate também, Alyssa é colocada em confronto direto contra o vilão, então ela recebe um arco místico que atira flechas de luz e irá trazer justiça as almas atormentadas... Soa dramático, porém é assim mesmo, por mais que o jogo tivesse umas partes meio exageradas, ainda havia um elemento de terror, que é descartado para essas bossfights idiotas, a história pode lidar com esse elemento do "poder" de Alyssa, é até o foco da trama principal, só que não é interessante e ainda fica deslocado nesse ambiente de horror.

Há até mecânicas do arco, como flechas únicas encontradas por aí, ou até "carregar" a flechada pode fazer com que elas prendam o chefe, prendendo-o três vezes faz com que ocorra um ataque forte vindo dos céus que tira muito dano, é um jeito de terminar essas lutas terríveis o quanto antes. A personagem é meio lenta, porém é fácil de controlar, o controle não é de tanque e nem nada similar, apenas se posicionar para atirar flechas requer que você fique parado e não tem como controlar a mira após isso, é mais irritante do que difícil, contribuindo ainda mais pro fato que essas batalhas, também, parecem deslocadas do resto do jogo.


Infelizmente, Clock Tower 3 foi o último da série, é um jogo bem curioso e suas peculiaridades são memoráveis, pelo lado bom e pelo ruim. O contraste entre as duas gameplays é bizarro, parece até que Clock Tower 3 é uma junção de dois jogos diferentes, onde nenhum deles foi desenvolvido na sua melhor forma. Obviamente, o pior é o combate e a parte da garota mágica que pune assassinos com seu arco divino, infelizmente, isso é o foco da narrativa, enquanto a parte de terror, ficar fugindo de maníacos enquanto tenta trazer paz para almas presas no nosso mundo é bem interessante, era uma nova ideia pra fórmula de Clock Tower, mas não foi bem trabalhada o suficiente. Apesar dos pesares, ainda vale uma conferida justamente por suas loucuras, só não conte com relançamento ou qualquer coisa parecida.

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