quinta-feira, 27 de junho de 2019

Review - Bloodstained: Ritual of the Night


Faz quatros anos que o projeto “Igavania” foi anunciado e financiado no Kickstarter. Na época, os serviços de financiamento coletivo ainda pareciam ser a forma ideal de apoiar os criadores e o público ter exatamente o que quer. Koji Igarashi, conhecido como Iga, ex-produtor da série Castlevania, estava tentando trazer um sucessor espiritual da franquia nos moldes de Symphony of the Night.

Sabemos que esses projetos de financiamento coletivo podem se tornar um desastre, temos aí o maior exemplo dentro de videogames com Mighty No. 9, MAS, felizmente, posso afirmar que Bloodstained não é um desses casos, o objetivo da campanha foi trazer um “novo Castlevania” e é isso que temos com Ritual of the Night.


A história se passa no século XIX, alquimistas fizeram experimentos com humanos e cristais demoníacos, as shards, o que gerou Shardbinders, pessoas com poderes sobrenaturais que defendem a humanidade de demônios. Nossa protagonista é a Miriam, uma das últimas shardbinders vivas, que desperta após dez anos e encontra seu amigo Gebel, outro shardbinder, que se rebelou contra a humanidade e agora invocou um castelo demoníaco no meio da Inglaterra, então cabe a garota derrotar o seu antigo parceiro.

Dá pra ver na cara onde entra a parte Castlevania, e mesmo tendo ideias parecidas, Bloodstained tem seu diferencial, apesar da história ser bem simples e com um plot-twist bem previsível, todo esse background é bem interessante e o castelo possui livros onde você pode encontrar mais informações sobre os alquimistas, a criação dos shardbinders e todo o universo do jogo.



Como todo bom Metroidvania, o foco é exploração, aqui temos um castelo gigantesco possuindo diversas áreas cheias dos mais diferenciados monstros, mesmo alguns sendo só aquele palette swap safado, e no meio de tanta coisa, você ainda pode coletar equipamentos, como armas, vestimentas e acessórios, que modificam seus atributos, já que ainda temos sistemas de “RPG”, e também temos o sistema shards.

Shards são o equivalente das almas de Castlevania Aria of Sorrow, que, assim como itens, podem ser encontrados ao matar inimigos ou largados em alguma área. Você pode equipar seis tipos de shards que abrangem coisas como ataques diretos, efeitos passivos e até ter um demônios ficar te acompanhando, a variedade de habilidades são bem bacanas e somado as opções de armas e a customização estética, que não são muito grandes, possibilita a criação sua própria Miriam e com diversas builds, dando um gostinho a mais pro combate, principalmente vendo que o jogo tem bastante chefes bons.

Ainda há um sistema de crafting, que eu pensava que seria um recurso meio desnecessário, porém é uma boa pausa na exploração e combate para criar itens, equipamentos e alimentos e aprimorar suas shards. O problema acaba sendo coletar alguns recursos, dependendo da aleatoriedade pra cair aquele material necessário, isso se você saber onde arrumar isso, sendo que alguns itens são necessários para entregar para NPCs para completar as sidequests.



Pelo lado bom, o castelo é um cenário muito bem feito, mesmo o Bloodstained não tendo os gráficos mais avançados, principalmente os modelos dos personagens, a direção de arte e os locais são bonitos, e junto da trilha sonora, dão a atmosfera ideal desse do castelo bizarro com áreas bem únicas. Também vale destacar os chefes, a maioria oferece batalhas bem divertidas e desafiantes, claro que também dá pra fazer algumas builds roubadas e derrotar algumas em instantes, e isso é divertido de qualquer forma.

A progressão do jogo vai bem por boa parte, algumas coisas me incomodaram: como um equipamento importante para o progresso do jogo ficar num local que requer backtracking apenas pra pegá-lo e a falta de uma opção de mobilidade melhor, a única shard de movimento fica numa das áreas finais, e é opcional, seria melhor ter acesso a ela bem antes para facilitar a exploração. Não que seja algo muito grave, porém dentro milhares de acertos, esses erros ficam um pouco agravados.

Acho que Bloodstained saiu bem melhor que a encomenda, por mais que ainda tenha alguns problemas de polimento e o desenvolvimento pareceu ser meio problemático, o que importa é que foi prometido um sucessor espiritual de Castlevania e ele entregou isso com louvor, mesmo num mercado com bastante Metroidvanias, Ritual of the Night mostra que a série estava fazendo falta, e espero que tenhamos mais desse novo universo no futuro.

Nota: 9

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