segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Review - Splinter Cell: Chaos Theory

Antes de jogar Splinter Cell, sempre ouvi falar bem de Chaos Theory, provavelmente é o que eu estava mais esperando de jogar da série. Considerado o melhor da franquia, ou até um dos melhores jogos de Stealth de todos os tempos, o que são condecorações grandiosas, mas longe de serem inverdades.

Lançado em 2005, foi o primeiro ponto de mudança da série, já que evoluiu da Unreal Engine 2 para a 2.5, o que não pode parecer grande coisa, mas ele tem uma cara mais modernosa comparado aos anteriores. Assim como todos os outros jogos da série, foi lançado e relançado para uma porrada de consoles, incluindo para 3DS, e eu joguei a versão de PC, aparentemente, a melhor. Também tem um modo multiplayer com missões exclusivas com outros "Splinter Cells", que infelizmente não pude jogar.

Sam Fisher é colocado em mais uma nova missão pela Third Echelon, dessa vez indo ao Peru com o objetivo de resgatar um renomado programador sequestrado por um grupo de guerrilha. A história dá algumas voltas até chegar no verdadeiro conflito geral, envolvendo países asiáticos, fora Sam tendo que confrontar um velho amigo, que assim como outros vilões da série, estão revoltados com a soberania americana.

Chaos Theory mantém a mesma narrativa anterior, não é exatamente aquela história fantástica, porém acho que é a mais interessante da trilogia. A série não é exatamente muito profunda ao abordar essas ideias de guerra e a interferência dos EUA. Não sendo um defeito em si, já que acredito que não seja a proposta, é mais ser as aventuras dum espião velho com apetrechos high-tech fazendo de tudo para evitar guerras mundiais e outras coisas parecidas.

De qualquer forma, o elenco principal continua sendo legal, com diversas conversas entre Fisher e o time de suporte, ainda sendo puxado para algo mais bem-humorado. Até mesmo os diálogos entre guardas ou quando você interroga eles, o que acontecia raramente nos anteriores, agora é parte integral da jogabilidade. Ao agarrar um guarda desprevenido e puxar uma faca para seu pescoço, você consegue inúmeras informações, desde coisas importantes como senhas, até localização de munição e outros recursos extras.

Os gráficos são bons, apesar das carrancas dos personagens, os cenários são bonitos, junto de um melhor uso de luz e sombra. Até mesmo os vídeos pré-renderizados são mais apresentáveis, mesmo com animações bem artificiais. Além de ter uma barra de indicador da sua visibilidade, colocaram uma barra de som, para mostrar o volume do barulho que você está fazendo, também mostrando um indicador do barulho no ambiente ao redor. Isso é uma adição mais do que bem-vinda, já que essa parte do som não era tão clara nos títulos passados. Na verdade é estranho pensar como isso não é implementado em todos os jogos de stealth.

Os controles estão mais parecidos com os jogos modernos, isso no mouse e teclado, é claro. Foi estranho de acostumar indo dos anteriores para Chaos Theory, mas todas as mudanças foram para o melhor. Você tem as mesmas habilidades acrobáticas de antes, algumas implementações melhores, como poder atacar inimigos enquanto está pendurado, e outras utilidades. 

A maior mudança vem do golpe corpo-a-corpo padrão, já que agora Sam tem uma faquinha e mata seus inimigos. Não faria muita diferença antigamente, só que agora há estatísticas após a missão e uma porcentagem de como ela foi concluída, levando em consideração alarmes disparados, corpos encontrados, vezes que você foi visto e hostis/civis mortos.

Como grande apreciador do caminho “pacifista” em jogos como Metal Gear Solid, tentei não matar a maioria dos inimigos, o que às vezes é um desafio bem complicado, visto que para neutralizá-los é necessário agarrá-los desprevenidos, ou usar algum dos apetrechos de sua arma, como o dardo de choque, que é bem limitado. A sua munição leva em conta sua escolha durante o briefing, onde há três modelos entre furtivo, ataque ou o equilibrado. Sempre escolhi o furtivo, que dava menos munição para as armas e mais recursos para uma infiltração discreta.

A graça de ter tantas opções num jogo stealth é justamente tentar um pouco de tudo, e é claro que a dificuldade de não matar ninguém tem que ser considerável. Em nenhum momento, senti que o estava muito na tentativa e erro, prestar atenção à todo ambiente ao redor e executar ações perfeitamente é recompensador. Não há muita punição por errar, visto que o quicksave e quickload estão logo ali, então é mais uma questão do jogador se desafiar, o que não é algo que recomendaria na primeira run.

Claro que esses métodos diversificados de abordar as missões não seriam nada sem mapas bem pensados, o que Chaos Theory cumpre muito bem. Uma das minhas reclamações com os títulos anteriores foi a falta dessa liberdade e os mapas mais abertos, o que foi um pouco remediado em Pandora Tomorrow, mas aqui é bem mais livre. Além de possuir um número variado de cenários, sejam um barco cargueiro, um banco, até bases militares.

Descobrir Splinter Cell em pleno 2021 foi uma experiência bem agradável, e essa melhora contínua que a franquia teve nessa "trilogia inicial" é visível e foi muito divertido jogar cada um dos jogos, mesmo o primeiro sendo limitado. Chaos Theory pegou muito da fórmula do "Stealth Action Redefined" e aprimorou para um nível que está num padrão altíssimo, até mesmo para os jogos modernos. 

Claro que muitos detalhes gráficos e texturas envelhecem, fora os modelos de personagem, mas o uso de luz e sombra e incrível e deixa ele parecendo impressionante. O que mantém ele mais "atual" são as melhorias de qualidade de vida que a série passou para chegar nesse ponto. O resto é simplesmente excelente, missões bem pensadas com cenários interessantes, é isso que a franquia conseguiu se destacar desde o começo. E Chaos Theory eleva à outro patamar.

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