segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Review - Uncharted 3: Drake's Deception

Por fim, o fim da trilogia Uncharted. Como já dito no review de Among Thieves, a franquia estava na boca do povo e um terceiro título era inevitável. Se UC2 foi uma tremenda evolução do primeiro, é claro que UC3 ia ser mais incrível ainda… Deixando a babaquice de lado, quem lembra do hype absurdo para Uncharted 3, deve lembrar que a recepção foi positiva, só que não tanto quanto esperavam. 

Notas 8 devem significar algo muito bom, ao menos na minha perspectiva, o problema é que essa linha de pensamento não é universal, longe disso, aparentemente, vendo como essa métrica de avaliação não é exatamente adequada, porém é aceita pelo público geral. Dito isto, até uma nota 8 para Uncharted 3: Drake’s Deception é deveras contestável.

Já somos colocados em meio a uma negociação em um bar londrino, onde Nathan Drake e Victor Sullivan vão vender o anel de Sir Francis Drake, que esteve ao redor do pescoço do protagonista desde o primeiro jogo. O negociador, Talbot, entrega uma maleta cheia de dinheiro, mas nossos heróis percebem que as notas são falsas, o que faz rolar uma zorra no bar e somos introduzidos às novas mecânicas de porradas, que não são boas e mais tarde falarei disso.

Após esses eventos, somos levados ao passado, onde Drake era um garoto órfão roubando carteira nas ruas da Colômbia. Eventualmente, encontrando com Sully, roubando o anel de Francis Drake de um museu e já criando uma rivalidade com Katherine Marlowe. No presente, descobrimos que Marlowe quer o anel de volta, para descobrir mais um segredo das viagens de Francis, dessa vez nos desertos da Arábia em busca da “Atlântida das Areias”.

A narrativa de Uncharted 3 é um tanto estranha, tendo propostas interessantes fora da aventura padrão. Nathan está em um ponto de sua vida que já poderia parar com suas loucuras arqueológicas, o que rendeu até um divórcio, e o seu passado é trazido à tona, junto sua idolatria a Francis, e o relacionamento com Sully. Visto que a franquia não é exatamente a narrativa mais complexa, porém parece ser uma ideia abandonada em meio ao desenvolvimento e não trabalhando nessas questões. O jogo continua com o mesmo elenco principal carismático e os vilões sem graça.

A campanha também tem uma cara de ideias remendadas. Há uma variedade de cenários e gameplay, onde finalmente temos alguns puzzles minimamente decentes, já o resto é complicado. A parte da ação é meio bagunçada, já que a IA dos inimigos é estranha e o design dos cenários geralmente são grandes demais, onde você tem que ficar mais tempo em cover, procurando formas de se mexer por aí, enquanto leva chumbo de vários lados e de bem longe.

Sem mencionar que esse é o jogo com mais problemas técnicos da trilogia. Com inimigos se movendo de forma estranha, parecendo que eles não sabem como reagir, até avançando de formas sem sentido durante o combate, alguns até spawnando do nada. Imagino que não deva ser problema do remaster, o que ainda traz a questão:”Por que não corrigiram isso?”. Claro que fazer os ports com melhorias gráficas são a prioridade, infelizmente deixam a oportunidade de melhorar um jogo que tem defeitos dos mais básicos.

A maior “mudança” de jogabilidade é no combate mano-a-mano, tendo trechos onde você entra na porrada com um monte de gente. A ideia é parecida com a de UC2, você ataca num botão, contra-ataca no outro, agora com a adição de um botão de agarrão e um soft lock nos inimigos. Não é nada profundo e nem divertido, visto que eu simplesmente posso ficar apertando o ataque e o contra-ataque, fazendo que Drake soque qualquer um em sua frente e já realizar os contra-ataques, eventualmente precisando se soltar de agarrões.

Entendo a ideia de quererem adicionar algo a mais para a fórmula simples de jogabilidade, só que precisaria ser algo bem mais bem pensado. O único mérito vem das animações especiais, com Nate usando qualquer coisa do cenário para agredir o inimigo, tendo até coisas como puxar o pino da granada e empurrar o inimigo, ou mesmo roubar a arma dele.

Um dos momentos mais memoráveis, e um dos pontos mais destacados por Drake’s Deception, é a parte do deserto, onde nenhuma ação ocorre por uns 10 minutos, tendo Drake apenas andando perdido num deserto. Não é uma unanimidade, porém foi uma aposta legal em meio essa narrativa de Nathan se encontrando em cada vez mais problemas durante sua jornada. 

O que é ruim é o fato de não ser exatamente algo tão especial dentro desse jogo, pois há muitas sessões limitadas e pseudo-cutscenes onde você tem que andar por aí com algum personagem. As set pieces continuam legais, sempre caprichadas, caóticas e divertidas, mas com os problemas de jogabilidade já mencionados.

É o título mais bonito da trilogia, os ambientes são muito bem feitos e cheios de detalhes. Gosto bastante das cidades, que são cheias de gente, com casas, prédios, aquelas barraquinhas de comidas nas ruas, entre outros. Infelizmente, não são cenários de combate, mas dá pra fazer uma macaquice em alguns momentos. Devo destacar que os capítulos finais são legais, principalmente do barco para cima, apesar de não corrigirem os problemas básicos de jogabilidade, as locações são incríveis, com destaque ao "covil" de piratas com uma porrada de barco sucateado, levando a um confronto dentro de um navio, que começa afunda, trazendo uma zona caótica entre fugir e trocar tiros com capangas. 

Uncharted 3 arriscou em alguns aspectos, mas não o bastante para ressaltá-los como qualidades. Não houve nenhuma evolução, fora a gráfica, do antecessor. Acho que fora os bugs e comportamentos estranhos da IA, o mais danoso é em relação aos mapas. Muitas vezes, o jogo te coloca em situações muito mal pensadas, principalmente com cenários grandes e abertos, onde você terá que tentar múltiplas vezes a entender o layout e localização de inimigos e armas. Parece ter sido feito sem muito cuidado, não é exatamente um desafio tanto quanto é irritante.

Não sei exatamente se o desenvolvimento foi complicado, ou apenas a direção estava maluca, mas fizeram de Uncharted 3 um caso muito estranho. É um jogo com alguns pontos altos e muitos baixos, que me deixam bem tristes em relação a esse potencial desperdiçado. Eu lembrarei dos momentos épicos como o do navio, mas não esquecerei da irrelevância de vilões como Talbot e morrer constantemente devido a quantidade absurda de bandidos espalhados pelo mapa gigante.

Após concluir a trilogia Uncharted pela segunda vez, acho que minha opinião não mudou muito em relação aos jogos. Drake’s Fortune foi um início sem sal, que evoluiu para um título redondinho com Among Thieves, provando que a fórmula simples da série só precisava de muito polimento pra se tornar uma joia. Só que no fim, acabou dando passos para trás com Drake’s Deception. Provando que esse não é um tipo de jogo que você pode fazer nas coxas, claro que em termos de crítica e vendas foi favorável, porém é um final que a série não mereceu, e ainda bem que Uncharted 4 se redimiu muito bem, mas isso é papo pra outra hora... E por outra hora, quero dizer daqui a muito tempo, pois não devo rejogá-lo tão cedo.

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