quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Review - Yakuza 0


Primeira vez que ouvi falar de Yakuza, disseram ser "TIPO UM GTA JAPONES", e por mais esdrúxula que essa comparação seja, é possível ver uns paralelos, mas o principal do jogo não tem nada de parecido. Yakuza é um jogo mais contido, não tem regiões gigantes e você nem pode andar de carro, no máximo pegar um táxi. Yakuza está mais para um beat em' up mundo aberto cheio de minigames.

A franquia é popular no Japão, e com toda razão, o jogo é feito para o público japonês. Com o passar dos anos foi criando uma fanbase no Ocidente, não muito grande, mas que garantiu a localização, apesar de uma certa demora, da maioria dos jogos. Mas Yakuza 0 conseguiu um bom destaque nesse ano, eu já estava de olho na série desde a TGS 2016 e finalmente pude entrar nesse bizarro mundo da máfia japonesa.



Yakuza 0, como o zero deixa entender, se passa antes de todos Yakuza, seria o primeiro da cronologia da história principal. O jogo se passa no Japão, nos anos 80, acompanhando dois personagens conhecidos da série: Kazuma Kiryu e Goro Majima. Kiryu é um yakuza ralé que é culpado por um crime que não cometeu, enquanto Majima é um ex-yakuza que está tentando entrar de volta no negócio, o que o leva ambos a se envolverem numa trama gigante entre organizações que estão tentando adquirir um território 

O foco na história é grande, com cutscenes  longas e muito diálogo, você pode muito bem largar o controle e ficar assistindo 30 minutos de história pra mais, o que não é ruim, pois Yakuza sabe contar uma história instigante, cheia de reviravoltas e um elenco de personagens ótimos.

Os protagonistas são prova disso, Kiryu é um cara carrancudo meio quietão e leal a seus amigos, já Majima é um cara mais "safo", que mostra um lado mais rebuscado, falastrão e até meio bobão, mas tem um lado mais negro envolvendo a sua expulsão da yakuza. Tanto que acho Majima tem um arco mais interessante, acredito que Kiryu sendo protagonista dos outros jogos, já teve um maior desenvolvimento então deram um destaque melhor para o outro personagem.


Tendo essa dinâmica de dois personagens, cada um fica em um área, Kiryu em Kabukicho, Tóquio, e Majima em Sotenbori, Osaka. Onde você pode sair por aí, cantar no karaokê, jogar um Space Harrier no fliperama da Sega, jogar boliche, dançar na discoteca e muitas outras coisas. Claro que o principal são os grupinhos de malucos mal encarados que partem pra cima de ti só pra levar porrada

Yakuza tem um sistema de luta beat em' up bem refinado, cada protagonista tem 3 estilos de luta diferente, Kiryu tem mais porrada pura, o que muda entre eles é a velocidade e a força dos golpes, e Majima tem um estilo normal focado em golpes mais violentos, um com utilizando um bastão e um que é basicamente break-dance.

Os estilos são bem únicos e práticos de usar, apesar de um certo desbalanceamento entre alguns, cada um possui uma árvore de habilidades que você evolui com dinheiro, mais vida e adquirindo mais "heat", que é parte da "Heat Gauge", que aumenta conforme você vai lutando melhor, podendo acumular 3 barras e permitindo a utilização de Heat Moves, golpes fortes que consomem barra tiram muita vida e são muito estilosos. Além dos 3 estilos, você pode pegar levar armas e itens para batalha e acessar um estilo secreto acessível após completar uma side-story envolvendo administração de negócios.


Majima administra um Hostess Club, um clube onde homens vão beber e conversar com as "anfitriãs", você tem que arrumar as garotas certas para o negócio, treinar algumas, trabalhar de garçom e, eventualmente, duelar com outros Hostess Clubs de Sotenbori. Kiryu é dono de uma imobiliária, e precisa adquirir estabelecimentos, investir neles, colocar as pessoas certas pra administrar e pra segurança, e vez ou outra, meter porrada nos vagabundos que estão perturbando a área e disputar com os "reis" das 5 áreas de Kamurocho.

Enquanto administrar o Hostess Club é bem divertido e dá um bom dinheiro, ser agente imobiliário é bem chatinho, falta uma atividade maior e ganhar dinheiro é mais lento, tornando o negócio ainda mais chato. E dinheiro é parte essencial de Yakuza, novas habilidades custam muito caro e se não evoluir bem, vai penar em algumas boss fights, pelo menos no Hard.

Outra parte que compõe Yakuza é o humor. Do mesmo jeito que Yakuza consegue fazer uma história intrigante, ele consegue fazer uma muito engraçada com suas sidequests absurdas. Você tá andando de boa por aí e do nada encontra alguma situação estranha, como um estudante sem calças, aqueles homem estátua, uma banda de bad boys que não são tão "bad" assim, uma atendente que acha que você joga boliche muito bem e etc. E os npcs dessas sidequests podem vir trabalhar para os seus negócios.


Yakuza 0 oferece um boa história, com diversos momentos que vão de trágicos até muito empolgantes, isso com uma jogabilidade divertida e um monte de coisa pra fazer naquele mundinho do Japão nos anos 80. Você pode se tornar o chefão de uma imobiliária e ao mesmo tempo o mestre da porrada, o rei da discoteca e grande campeão de autorama, não tem como esse jogo não ser sensacional.

Ainda bem que Yakuza 0 conseguiu destaque e vendeu bem no Ocidente, a série merece isso, é um excelente jogo e boa porta de entrada para a franquia. Um exclusivo do PS4 (aqui no Ocidente, pois ele saiu pra PS3 no Japão) que com certeza vale a pena estar na coleção. Certamente um dos melhores jogos do ano.

Nota: 9

Nenhum comentário:

Postar um comentário