segunda-feira, 16 de maio de 2022

Review: Trauma Center: Under The Knife

Em tempos onde a Atlus tentava fazer algo diferente de apenas derivados Shin Megami Tensei e Persona, tivemos Trauma Center: Under the Knife para o DS em 2006. Um jogo de médico, mais especificamente, um cirurgião, adequado visto que ser um cirurgião através da telinha de toque e a stylus é uma ideia perfeita. 

Seguindo outros títulos da época, o jogo veio localizado totalmente e alterando a localidade e nomes dos personagens, que obviamente são japoneses. Não sei se houveram mudanças mais bruscas nesse processo, mas acredito que já teria encontrado algo na internet caso houvesse, provavelmente com algum chato chorando por mudanças mínimas.

Acompanhamos a jornada de Derek Stiles, um cirurgião novato trabalhando em um hospital local, sendo um cara de boas intenções, só que meio folgado e inseguro, que vai se solidificando como um grande médico conforme a campanha avança. O jogo tem um tom um pouco mais sério,  principalmente se tratando da evolução de Derek e a compreensão sobre o que é ser um médico, além dos dramas básicos entre colegas de trabalho, principalmente com a enfermeira auxiliar, Angie Thompson.

O ponto comum onde ele fica mais "exagerado" é com a introdução do Healing Touch, uma habilidade onde você pode desenhar uma estrela e o tempo fica mais lento, podendo realizar a operação de forma mais fácil. Esse sendo um talento do protagonista e o que leva a uma organização de saúde internacional, a Caduceus, que procura combater uma doença chamada GUILT, com diversas variáveis, todas letais e com origem desconhecida.

Mesmo pisando num território absurdo, seria algo mais puxado para uma guerra contra um bioterrorismo, ou "Medical Terrorism", como é chamado no jogo. Trauma Center não chega a nenhum misticismo absurdo ou coisa assim, não vejo como um demérito se fosse. Vindo da Atlus, é um milagre você não ser a reencarnação de um Deus curandeiro ou coisa assim, apesar do final ter algo bem peculiar em relação a origem da GUILT, além da doença em si ser tratado como um "chefe".


Enquanto a história pode não ser tão absurda, a jogabilidade certamente vai te testar em níveis “traumatizantes”. O sistema de controles é bem simples, você tem a tela de baixo do DS com um visual 3D, onde há o paciente e seus órgãos. As ferramentas ficam espalhadas pelos cantos, o que acho meio contra intuitivo em certos pontos, visto que é um jogo muito mais focado em velocidade do que precisão.

Acho que colocar com o DS deitado e focando na tela de baixo é a melhor forma de jogar, eventualmente usando a outra mão para selecionar um item, enquanto você opera com a stylus. Claro que tudo depende de cada jogador, e imagino que alguém pode fazer só usando uma mão e stylus, mas seria uma boa se usassem alguns dos botões do portátil para selecionar os equipamentos, ao menos o L e R como atalho, ou alternar o equipamento rapidamente.

Tudo é feito pela tela de toque, você aprende de pouco em pouco o que fazer e qual instrumento usar. O foco é operar o malefício do paciente, cuidando de coisas como batimentos cardíacos e não ferir o paciente durante o procedimento. Trauma Center vai requisitar que você pegue o jeito e faça as cirurgias com velocidade, tendo até um sistema de ranqueamento, tempo limite e um limite de erros, que são difíceis, acredite.

Lembro de jogar ele em emulador há era e parar no primeiro capítulo, devido a problemas de precisão com o mouse, mas mal sabia eu que ficaria bem mais difícil. Agora, jogando no 3DS, há uma curva de dificuldade legal, apesar de algumas coisas não serem tão precisas, como costurar ferimentos, que às vezes é bem restrito na hora de fazer o desenho, ou aplicar o curativo. A dificuldade possui alguns extremos que não são apenas dependentes de suas habilidade.

Acho que a maior maldição desse jogo é um aspecto meio ‘RNG’, que cria situações muito difíceis de contornar e um erro pode ser fatal. Claro que narrativamente pensando, é algo bem adequado para com a temática, certo? Mas são problemas bem irritantes, todos ocasionados pelas variantes da GUILT, que introduzem mecânicas estranhas, onde algumas trabalham com aleatoriedade. Às vezes nem é a aleatoriedade, só o fato de quão restrito são os desafios, fazendo com que você tente diversas vezes.

O exemplo que mais lembro é a Triti, uma camada triangular com espinhos ao redor, onde você precisa tirar os 3 espinhos e tirar o triângulo. Há uma chance do espinho retirado soltar um gás, que pode pular para outro canto do órgão e criar uma nova camada, enquanto isso, qualquer canto com um espinho, tem a chance de criar outro Triti. Os casos com essa doença acabam sendo bem estressantes, necessitando constante cuidado em não deixar espinhos do canto e procurar encurralar a doença, mas ainda depende de eventual sorte.


A estética de Under the Knife é algo bem básico para o DS, com um 3D simples para representar a cirurgia, enquanto o estilo de arte dos personagens é totalmente a cara de animes dos anos 2000. Pode parecer datado, mas vejo bastante charme nessa apresentação, fora a trilha sonora. Se procurar qualquer coisa sobre Trauma Center, é muito mais fácil achar os jogos de Wii, em especial, o remake chamado Second Opinion, que não posso opinar em jogabilidade, mas já possui um estilo visual mais "clean" e a arte de Masayuki Doi, que agora é mais reconhecido em seu trabalho com Shin Megami Tensei, pós SMTIV.

Acaba que o primeiro jogo da série é o mais fora do padrão, o que dá um aspecto único, até podendo ser mais um protótipo, mas também é um que caiu no esquecimento... Se bem que é uma série que já caiu no esquecimento, ao menos pelos próprios criadores. O que é uma pena, pois não há nada igual a Trauma Center hoje em dia, e funcionaria fácil no Switch ou um port de celular, o que é comum para algumas séries populares do DS, ao menos pra termos algo em alta resolução.

Nenhum comentário:

Postar um comentário