segunda-feira, 11 de março de 2019

Review - Travis Strikes Again: No More Heroes


No anúncio do Nintendo Switch em janeiro de 2017, tivemos a surpreendente aparição de Goichi Suda, onde apresentou uma ilustração de Travis Touchdown usando uma camisa com os dizeres "Travis Strikes Again", o que abriu o sorriso de diversas pessoas, incluindo a mim, devido a notícia que o otaku assassino estava de volta.

Depois fomos apresentados a um trailer incrível e gameplay não tão incrível assim, porém seria interessante ver um novo jogo do Suda que realmente foi dirigido por ele, o que não acontecia desde o primeiro No More Heroes. Assim chegamos em Travis Strikes Again: No More Heroes, um 'spin-off' colocando Travis num mundo e jogabilidades diferentes da série principal. E caso você não conheça a série, pode dar uma lida na Revista Locadora #2 com um artigo sobre a franquia.


Começamos com Bad Man, um ex-jogador de baseball e em busca de vingança pela morte de sua filha Bad Girl, uma das assassinas do primeiro No More Heroes morta por Travis, que por sua vez, está morando num trailer onde passa seu tempo livre jogando videogames. Os dois lutam no trailer até que o estranho videogame Death Drive MK II de Travis se liga e absorve eles pra dentro do jogo, que era uma Death Ball, uma bola que estava com Bad Man e funciona como a mídia do videogame.

Logo temos Travis e Bad Man dentro de Electric Thunder Tiger II, e descobrindo que se eles arrumarem os outros 5 jogos do Death Drive e derrotarem seus protagonistas, o console lhe garantirá um desejo, o que pode garantir a ressurreição de Bad Girl, não que que Travis pareça se importar com isso, mas o desafio é algo que lhe interessa. Se já está familiarizado com Suda51, sabe que a narrativa vai ser uma porra-louquice grande com humor, agressividades e quebras de quarta parede.

Travis continua sendo um cara meio babaca e folgado mas com alguma honra de assassino, e agora de "gamer", é legal ver a interação dele com alguns chefes que ele já conhecia devido sua experiência com jogos. Já Badman não tem algo muito único pra si, tirando a DLC recente, a história ainda é focada em Travis, tanto que há uma sessão de visual novel chamada Travis Strikes Back, onde mostra como ele adquire as novas Death Balls, aí é a parte mais interessante em termo de narrativa, apesar de algumas sessões serem meio longas, os diálogos e acontecimentos são bem divertidos, e vale mencionar que há diversas aparições de personagens de outros jogos da Grasshopper.


Cada jogo é bastante único, com seu chefe, ambientação, introdução e um review de revista do jogo em questão dão um charme enorme pra cada um desses mundos. Até mesmo a criação desse console fantasma é algo interessante, pra quem já conhece outros jogos da Grasshopper, esse aqui não deve em nada em termos de estilo e bizarrice.

Não há mudanças de jogabilidade muito bruscas, Electric Thunder Tiger II é bem direto, só sair por aí matando inimigos, Life is Destroy é espécie de puzzle onde você tem que fazer um caminho dentro de uma vizinhança para chegar em uma casa que conta a história de como o serial killer, Doppelganger, matou as pessoas dali e enfrentar mais inimigos, em Golden Dragon GP, Travis participa de corridas de moto onde você tem que mexer em um mini puzzle para fazer a moto acelerar, e pra conseguir um motor melhor, tem que sair matando inimigos, enfim, apesar desses jogos, tudo se resume a porrada.

E a porrada é bem simples, indo de local em local massacrando geral com umas mudanças de gameplay, TSA é basicamente um "top-down shooter" tirando a parte do "shooter", talvez algo mais comparado a um hack n' slash no sentido "Diablo" do gênero, eu vejo uma jogo de arcade estilo Smash TV misturado com Hotline Miami, que traz algumas coisas de No More Heroes, como a sua espada precisar ser recarregada após alguns golpes, ao menos a recarga é bem rápida pra acompanhar o ritmo do jogo.


Dentro do combate, também temos ataques especiais, uma barra que vai enchendo até liberar um ataque de 3 golpes que cobre uma área, o especial também aumenta de nível após um uso, isso se você não levar algum golpe forte do inimigo, que faz essa barra diminuir. E, por fim, os chips, 4 habilidades que você equipa em um dos personagens que dão uma variedade interessante na gameplay, elas são atreladas a um tempo de cooldown, cada uma com um tempo específico pra ficar bem equilibrado. As habilidades variam de ataques diretos, efeitos em área e etc.

A jogabilidade é simples e bem funcional, até bem viciante, mas acaba sendo prejudicada em certos jogos, alguns acabam sendo longos demais, outros tem alguma gimmick que acaba sendo bem irritante, como uma cabeça gigante que te persegue em Life is Destroy, então você tem que resolver puzzles para abrir um caminho enquanto um "Pac-Man"está na sua cola e te mata com um golpe.

O co-op também tem alguns aspectos estranhos, já começando pelo fato do jogo ter as sessões de visual novel acaba sendo meio complicado de jogar TSA pela primeira vez junto de alguém, a não ser que essa outra pessoa esteja disposta a acompanhar esse tanto de história. Também há uma espécie de friendly-fire, por mais que não há forma de dar dano no seu aliado, acertar golpes gastam a bateria da arma e habilidades dos chips afetam o outro jogador, empurrando ou atordoando.

E outro aspecto que prejudica o jogo é a falta de polimento, graficamente ele é simples, há algumas quedas de fps, uns bugs inesperados, coisas como, ao entrar em certas áreas, você é trancado por barreiras que somem apenas após matar todos inimigos, só que há chances de um jogador ficar atrás dessa barreira, enquanto o outro luta sozinho, até há um sistema onde se os personagens se afastarem demais do limite da câmera, ocorre um teleporte para ficarem mais próximos, só que algumas áreas são curtas demais para que isso ocorra.


Imagino que Travis Strikes Again não vá agradar todo mundo, assim como muitos jogos do Suda, ele tem uma apresentação e um estilo bem único e "descolado", história e personagens interessantes e um gameplay ok, no caso de TSA, não acaba sendo um problema, a jogabilidade tem um ritmo bom e o uso dos chips dão uma variedade divertida, porém a dificuldade somada com alguns problemas de performance e escolhas de design inconvenientes, podem incomodar muitos, enquanto não serem tão graves para outros.

Com certeza poderia ser algo bem mais agradável, mas longe de ser ruim, vez ou outra, eu até volto pra dar umas jogadas, o ritmo ágil e toda a estética e trilha sonora dão um tom bem diferenciado pra Travis Strikes Again. Garanto que qualquer fã do Suda vai gostar do jogo, já está acostumado com seus defeitos básicos, jogabilidade simples e muito estilo, e pra quem não tem muita ideia sobre o que são seus jogos, acredito que possa ser uma boa porta de entrada pra esse universo de assassinos, profanidades e bizarrices.

Nota: 7

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