terça-feira, 21 de novembro de 2017

Review - Nier: Automata


Nier: Automata é um jogo meio inesperado, Nier foi lançado em 2010, é um spin-off de Drakengard do PS2, se passando depois dos eventos do final especial do Drakengard. Ambos jogos são (pouco) conhecidos por não serem exatamente jogos mecanicamente bons, principalmente o primeiro Drakengard, mas pelo enredo e personagens únicos, o que gerou certa fama do criador desses jogos.

Yoko Taro conseguiu cativar diversos jogadores devido suas histórias trágicas e bizarras e apesar de seus jogos não terem feito muito sucesso, por algum motivo, a Square-Enix investiu nas ideias desse cara e fazer uma sequência do clássico cult.

Juntando a maluquice de Yoko Taro e a Platinum Games, conhecida por jogos exagerados com jogabilidade excelente, nasceu Nier: Automata, que apesar de ser uma sequência, Automata é algo praticamente novo.


A humanidade foi quase extinta devido a um ataque alienígena, o que os obrigou a fugirem para a Lua, onde criaram uma base nova e a YoRHa, uma unidade de androides designados a lutar com as máquinas alienígenas que dominaram a Terra.

Você  acompanha a jornada de três personagens: 2B, uma androide de batalha, 9S, um androide de reconhecimento" que acompanha 2B, e A2, uma androide misteriosa desertora da YoRHa. O foco da história é nos androides, como eles desenvolvem um relacionamento, como é viver nessa guerra de milhares de anos e até de como lidar com seus "inimigos", pois não são somente os androides que tem esse conflito, as máquinas alienígenas, demonizadas pela YoRHa, também estão agindo de forma estranha e desenvolvendo emoções.

O forte de Automata é a história, é o que popularizou o Yoko Taro, a proposta pode ser bem comum: "seres robóticos descobrindo como é ter sentimentos e lidar com eles", mas isso não diminui nem um pouco o mérito, principalmente pela forma de como a narrativa se desenvolve, acho que é algo só poderia ser feito em videogame.


O clima de Automata é bem melancólico, o cenário é composto de edifícios abandonados, florestas e desertos, a falta de atividade humana no planeta permitiu que a natureza tomar conta do local, ainda é possível encontrar alguns animais, enquanto alguns locais foram dominados por androides e por máquinas.

Esse mundo devastado dá uma excelente atmosfera, principalmente por causa da trilha sonora fantástica, que preenche esse mundo vazio com tristeza, calmaria e grandiosidade. A música é um dos aspectos mais importantes de Nier, ela adiciona um peso muito grande, seja na exploração, combate e cenas dramáticas.

Porém esse mundo vazio acaba sendo um problema. Os três personagens tem "campanhas" separadas e você joga até os mesmos trechos com outra perspectiva, em termos narrativos, é bem interessante e eles tem jogabilidade diferentes, só que andar pelos mesmos cenários diversas vezes se torna tedioso, principalmente se for atrás de sidequests e adquirir todas armas e arquivos.


Apesar do cenário e modelos dos personagens serem graficamente bem simples, as animações são muito boas, o que é visível no combate, elas são bem fluídas e rápidas, combinando com o combate hack n' slash, que é bem a cara da Platinum, a movimentação e os combos são bonitos de se ver. É divertido você sair estraçalhando diversas máquinas por aí, mas geralmente, é fácil demais, a maioria dos inimigos não apresenta muito desafio e fica um pouco repetitivo, e as dificuldades mais altas não  o deixam muito mais interessante.

Felizmente, Automata consegue variar bastante em suas seções de hack n' slash, muitas partes do jogo tem câmera fixa, mas bem dinâmica, que dá uma sensação diferente na exploração e combate. Mudar a perspectiva para 2D, ou colocar a câmera só encima do personagem deixa a jogabilidade mais interessante, principalmente pelo fato de Nier ter mecânicas de shoot em' up.

Os androides andam acompanhados de Pods, uns pequenos robôs que tem capacidade de atirar constantemente, podendo ser customizados com tiros diferentes e outras funções especiais, como uma lâmina que gira ao redor do personagem, escudos e uma corrente para te puxar perto dos inimigos.


Os três personagens possuem elementos bem únicos de combate, 2B é o mais padrão, podendo levar dois tipos de armas e só, A2 é similar, só que mais agressiva, podendo usar um modo berserk e um taunt, fazendo que ela seja mais vulnerável, mas dê mais dano. Já 9S tem apenas uma espada e a capacidade de hackear inimigos, que é representada através de um shoot em up com aparência simples, onde você controla uma navezinha triangular e tem que eliminar outras formas geométricas.

Automata também tem um sistema de customização bem bacana, além de quatro tipos de armas que fazem diferença no combate, você tem chips que podem alterar diversos aspectos da jogabilidade, desde deixar seu personagem mais rápido, com mais dano, até coisas como remover e adicionar elementos da HUD do jogo.

O sistema de chip também traz um conceito bem bacana, caso você morra, o corpo do androide ficará naquele local e com seus chips, é possível recuperar eles ou perder caso morra de novo. Além disso, se você estar conectado online, o que deveria estar fazendo, é possível ver corpos de onde outros jogadores que morreram, interagindo com esses corpos permite que você adquira os chips deles ou ressuscitar esses androides para lutarem ao seu lado.


Nier: Automata lembra muito JRPGs de Playstation 2, época em que o gênero ainda era muito forte, e isso não é nenhum defeito, acho que esse estilo de jogos fazem falta. O jogo tem sim um problema de repetição, principalmente de cenário, o combate tem esse problema, mas pode ser parcialmente resolvido devido a diversas opções de customização. 

Sem dúvidas, o ponto mais forte de Automata é a narrativa, a proposta que já é bem conhecida, mas o jeito como é desenvolvido, o conflito entre os androides e as máquinas, o relacionamento entre os personagens e como eles inserem o jogador diretamente na história. Já tinha ouvido falar muito de Nier, e como era um jogo marcante, não tenho como fazer uma comparação entre os dois, mas acredito que Automata é uma das experiências mais impactantes na história dos videogames.

Nota: 9

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