segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Review - Marvel's Guardians of the Galaxy

Escrito pelo Findman

   Depois da tragédia que foi Vingadores, a Square Enix alguns meses depois anunciou um novo jogo da Marvel, dessa vez os Guardiões da Galáxia sendo desenvolvido pela Eidos-Montréal, a mesma equipe responsável pelos últimos jogos da franquia Deux Ex. Um desafio grande para o estúdio por lidar com uma propriedade nova para eles e completamente diferente.


   O jogo se passa alguns anos após uma grande guerra que deixou toda à galáxia em um estado perfeito para mercenários e exploradores. Nesse cenário encontramos os conhecidos Guardiões da Galáxia em sua formação já clássica com Peter Quill, Gamora, Drax, Groot e Rocket Raccon. A decisão de não fazer uma história de origem é o primeiro acerto do roteiro por evitar de contar algo que já conhecemos e vermos a relação entre os personagens bem estabelecida mesmo que seja o início dela. O ponto negativo é a dublagem americana que é bem canastrona e por algumas vezes estraga um texto bem escrito, felizmente o jogo vem com dublagem em português e essa sim de excelente qualidade que talvez por ter trazido veteranos em interpretar os personagens eles já demonstram estarem bem confortáveis nos papeis e assimilam melhor as características principais da equipe seja o sarcasmo do Peter ou a rigidez do Drax e além disso os dubladores brasileiros parecem ser melhores atores que os americanos.

   Guardians of the Galaxy visto de uma maneira superficial aparenta ser um jogo de aventura simples que não toma grandes riscos, mas isso não é verdade, a primeira decisão arriscada parte justamente da história. O ritmo completamente cadenciado que não tem pressa nenhuma em apresentar de maneira rápida as seções de ação e aposta em grandes momentos de diálogos e interações entre os membros da equipe o que certamente irá irritar os mais impacientes. E ir por esse caminho requer coragem. Como fazer algo assim sem arruinar o ritmo da história? Certamente a confiança do estúdio na equipe de roteiristas foi grande e felizmente essa confiança deu frutos, Guardiões da Galáxia é um exemplo de jogo bem escrito, os diálogos são sempre certeiros e a interação entre os guardiões é muito bem fluída e torna-se impressionante devido as extensas linhas de diálogos que não se repetiram uma única vez durante as quase 20 horas de gameplay que levei até zerar.

   A história geral serve como um pano de fundo para os mercenários serem jogados para a ação e servir como justificativa para eles irem do ponto A ao ponto B e felizmente isso funciona muito bem, as situações que eles enfrentam despertam interesse pelo contexto criado, pelo riquíssimo universo estabelecido e também pelos outros personagens que ganham destaque na trama sejam eles amigáveis ou não e os vilões da trama são realmente intimidadores o que prova o sucesso absoluto de toda a trama que é construída de maneira inteligente e bem fluída sem parecer que estamos jogando algo episódico. Tudo flui com naturalidade. 

   Peter Quill é o protagonista absoluto do jogo, explorar seu passado na terra adiciona uma bem-vinda carga emocional na história dando estofo ao personagem pra ser o principal e o coração de todo o jogo. O sistema de diálogos que poderia ser o ponto falho no jogo é bem executado por ter consequências plausíveis no jogo alterando o curso do game, uma decisão pode fazer você seguir um caminho pacífico até um objetivo ou enfrentar hordas de inimigos, pode fazer você receber créditos por um trabalho ou receber nada por isso, e as decisões que você toma afeta seu relacionamento com os outros personagens, alguns deles podem ou não gostar de suas respostas. Na realidade esse sistema de diálogos é algo complexo executado de uma maneira bem simples. O que é algo bem difícil de se alcançar com tamanha competência.

   Starlord é o único personagem jogável o que é mais uma decisão corajosa que os desenvolvedores tomaram e felizmente se provou outro acerto. Quando imaginamos um jogo dos guardiões da galáxia pensamos em um jogo Coop com todos os membros da equipe sendo jogáveis, mas o caso aqui é diferente, Guardiões da Galáxia é um jogo single player focado em sua narrativa aventuresca a lá Uncharted e as set pieces de ação não fariam feio se estivesse em alguns dos jogos de Nathan Drake, não que os outros guardiões não estejam ligados a gameplay em si, você pode ordenar ataques específicos para cada um deles e que pode gerar uma combinação de ataques: Você pode mandar o Groot prender um inimigo e depois o comandar o Rocket a explodir esse inimigo ou partir para a brutalidade e usar a arma gravitacional de Rocket para prender todos os inimigos do cenários e usar as habilidades especiais dos demais Guardiões para causar o máximo de dano possível. São inúmeras as estratégias que você pode usar e isso torna o combate muito mais dinâmico e aberto a possibilidades que deixa as seções de combate bem ricas.

   Os combates geralmente ocorrem em ambientes não muito abertos e o jogo explora os combates a média distância por causa das pistolas de Peter Quill. Poderia ser uma combinação perigosa mas se torna boa pela verticalidade das batalhas, pelas habilidades especiais que o Peter possuí e também pelo próprio comportamento dos outros Guardiões que são bem inteligentes e de fato ajudam o jogador derrotando inimigos sem se exporem o suficiente para não caírem toda hora, também nos ajudando quando estamos cercados de inimigos. 

   O jogo na versão do Playstation 5 usa muito bem os recursos do Dual Sense dando uma camada extra de imersão no jogo com os sensores do controle. Uma pena, portanto, o jogo não ter muitos combos e o sistema de upgrades ser bem limitado parecendo que a Eidos foi forçada a colocar isso de última hora. Durante a gameplay presenciei apenas um bug comprometedor onde os controles congelaram e tive que reiniciar a partir do último checkpoint, felizmente foi reiniciado na mesma área. Na versão do PS5 o jogo corre a 60 FPS sem oscilações isso jogando no modo performance, no modo de qualidade o jogo roda a 30 FPS e com engasgadas, não vale a pena jogar nesse modo pois as melhoras visuais são ínfimas e adicionar um modo de jogo desses vem sendo uma das coisas mais constrangedoras que a indústria vem fazendo nos últimos anos.

   Visualmente o jogo é arrebatador, não cometendo o erro do jogo dos Vingadores, onde os personagens eram imitações pálidas das versões do MCU além de serem tecnicamente mal feitos. A Eidos fez um jogo cheio de personalidade não se limitando por outras obras da equipe. Mesmo usando inspirações tanto estéticas quanto na história, os mundos que visitamos são lindos e bem variados e tudo bem colorido e com flertes com visuais Cyberpunk, principalmente em Knowhere City, onde predomina tonalidades escuras e um ambiente decadente com muitas máquinas e construções danificadas. A trilha sonora inclui hits dos anos 80 além de músicas também não tão conhecidas e atrelado a trilha sonora está a origem do nome Starlord  que não vou comentar nada a respeito mas é simplesmente incrível.

   A direção de arte espetacular é auxiliada pelos belos gráficos. Mesmo não sendo um jogo de nova geração, as texturas são de alta qualidade especialmente em relação aos personagens e o sistema de iluminação é excelente. Ver o sol refletindo nas rochas cor de rosa na zona de quarentena (onde inicia-se o jogo) é realmente bonito. Em muitos momentos você vai querer parar apenas para apreciar a paisagem.

   Guardiões da Galáxia é competente em tudo que faz e entrega um jogo divertido e com coração. Espero que a justa má fama de Avengers não manche essa trajetória e que seja o início de uma promissora franquia. O primeiro passo foi excelente.

NOTA: 8

Nenhum comentário:

Postar um comentário