terça-feira, 1 de novembro de 2022

Review - Jojo's Bizarre Adventure: All Star Battle R

O lançamento inicial de Jojo's Bizarre Adventure: All Star Battle foi um tanto infeliz, visto que estava saindo em 2013, no final da vida do PS3. O jogo era parte da comemoração de 25 anos de Jojo, sendo lançado perto do anime que adaptava o primeiro e segundo arcos do mangá, o ponto de maior descobrimento da franquia no ocidente, tanto que foi assim que conheci a série. ASB também veio com um modo Campanha online que necessitava de "energia" para conseguir jogar, o que poderia ser mitigado com microtransações e já sabe... Enfim, não foi um título que joguei, então só estou falando por cima.

Felizmente, a Bandai Namco resolveu relançar o jogo, mudando alguns aspectos, além de adicionar algumas coisas novas, algumas sendo conteúdo reusado de Eyes of Heaven, outro jogo de Jojo pela CyberConnect2. Infelizmente, é um relançamento meio safado e salgado, já que está por 50 dólares, 200 reais na Steam, ou 250 na PSN, além de ter um Season Pass com 6 personagens.

Na sua base de lutinha, Jojo trás um elenco enorme e variado, cobrindo personagens das diversas partes da série, o que trás mecânicas únicas, como os vilões das primeiras sagas sendo vampiros e os heróis sendo usuários de “Hamon”, fazendo-os terem golpes mais “porradinha” e o uso de equipamentos e outras coisas como armas letais. Enquanto personagens da parte 7, Steel Ball Run, podem ficar montados em cavalos, o que é engraçado pelo JoJo desse arco, Johnny Joestar, que quando não está no cavalo, está se arrastando no chão, pois é paraplégico e ainda pode lutar. 

O poder mais conhecido de Jojo são as Stands e a maioria dos usuários de Stand possuem uma movelist com e sem Stand, às vezes, são até golpes repetidos, alguns tendo certas diferenças de distância ou como afeta o inimigo. All Star Battle encaixa as mais diversas e estranhas habilidades em um jogo de luta, até mesmo transformando cenas simples do mangá em um golpe.

Acho estranho só a inclusão de 2 “especiais”, um usando uma barra e outro com duas, quase todos personagens só tem dois, visto que o alguns são counters, o que limita algumas opções de personagens, mas a barra pode ser usada para outras finalidades, como um cancel que para o personagem, garantindo novas possibilidades de combos, setups, ou sair safe de algum golpe arriscado. O especial de 2 barras, Great Heat Attack, pode ter um aumento de dano ao ser usado com 2 barras e meia ou com 3 barras, podendo tirar muita vida do adversário, até uns 75%, e até mesmo em combos, parece que o jogo nem tem scaling. 

A estrutura de combos é bem simples de entender, é fácil de achar golpes que permitem juggles, além de fazer a sequência de golpe fraco, médio, forte e especial funciona para todo mundo, tendo até a opção de habilitar um auto combo para isso. No fim das contas, acaba sendo um tanto desbalanceado em certas áreas, quem assistiu a CEOtaku 2022 com a presença de Prosciutto conseguindo fazer combos enormes com seus golpes OTG, Pet Shop zoneando alguns personagens que mal conseguiam encostá-lo, entre outros.

Também há a nova mecânica de assists, onde o assist tem um número limitado de vezes para ser usado normalmente, ou enquanto você apanha do inimigo. Tirando a forma “defensiva” que impede o inimigo de continuar lhe atacando, cada assist é único, oferecendo novas possibilidades de combos e outras utilidades, sendo que alguns são claramente melhores em suas funções, geralmente sendo os mais rápidos, ou que tem ataques mais duradouros. É possível desabilitar os assists, porém acho a inclusão deles mais interessante e abre oportunidades mais criativas para a luta.

Fora isso, é um jogo de luta bem tradicional, apesar de um pouco lento na movimentação padrão e com hitstops meio longos. O estranho é ele ser 2D com plano 3D, onde é possível desviar para os lados e a câmera muda a direção aos poucos, o que acaba até tirando personagens da parede. Não que seja algo muito negativo, só é bizarro… Bem, pode fazer jus ao nome da série, só que parece sem ponto. Claro que a esquiva é uma boa opção defensiva, principalmente contra personagens de longa distância, mas se fosse uma esquiva para frente e para trás, alá KOF, seria algo mais útil e sem a necessidade dessa arena 3D.

Fora que os cenários possuem “zonas de perigo”, ou gimmicks, que quando um boneco cai na área, brota algum elemento novo no cenário, mostrando uma área onde ocorrerá algum ataque que pode acertar qualquer um dos lutadores. Imagino que isso justifique não haver tantos cenários e é um fanservice legal ao mangá, só acaba sendo um tanto chato de sempre ter que ver uma cinematic de 5 a 10 segundos para isso, que são resetados entre rounds, felizmente dá para desativar esses efeitos.

O visual também é caprichadíssimo, mesmo sendo um jogo de PS3 remasterizado e tendo aquelas texturas de duas gerações atrás, o estilo de arte é fiel ao mangá e continua excelente. Através do cel-shading, os rostos característicos e traço forte de Hirohiko Araki são traduzidos muito bem, até mesmo a mudança no estilo de desenho que o autor teve durante os mais de 30 anos de série, que no caso, seria 25 anos quando o jogo foi lançado originalmente em 2013.

O relançamento trouxe algumas coisas para trazer mais próximo ao anime, que é o chamariz da série atualmente, estabelecendo novos dubladores, cores (pois o mangá nem sempre tinha cores “oficiais” para os personagens) e pequenas mudanças em alguns modelos de personagens. As adições ao elenco são reutilizadas de Eyes of Heaven, já que são do mesmo estúdio e são na mesma engine, mas os personagens são repensados para um jogo de luta tradicional, além de ter personagens realmente novos, como Prosciutto e Ghiaccio, que embarcam no sucesso mais recente da adaptação da Parte 5: Vento Aureo.

Curiosamente, há menos conteúdo que o ASB original, onde o antigo modo campanha que era apenas narração, música e lutas contextuais para cada arco, também há um cenário à menos e a reformulação de Enrico Pucci para ter seus poderes do início da Parte 6: Stone Ocean, o que faz sentido no contexto atual, já que o anime de Stone Ocean está sendo lançado lentamente, e estão evitando alguns spoilers para quem acompanha apenas o anime. Algo que acabou ficando de lado nessa reutilização de recursos de Eyes of Heaven, são uma boa quantidade de skins alternativas para os personagens, enquanto é compreensível terem deixado alguns personagens de lado, roupinhas a menos é decepcionante.

É um jogo com pouco conteúdo fora da luta, há um modo arcade clássico, enfrentando 8 personagens, mas sem um chefe estabelecido, nem lutas específicas e nem um finalzinho diferente para cada personagem. Também há o modo “All Star Battle”, onde há lutas com condições diferentes, como o inimigo recuperar vida lentamente, você dar menos dano e etc. Aí você libera coisas como cores alternativas para os bonecos, modelos dos personagens e, ocasionalmente, roupas diferentes. E para destravar essas recompensas, é necessário completar objetivos extras nas lutas.

Como não há muito conteúdo relevante desbloqueável, visto que não há muitos cosméticos, os modos single player são secos, o que é um tanto triste, vendo que o online é ruim também. Comparando ao lançamento original, parece que fizerem um copia-cola de todos esses sistemas básicos, e o online já não era a melhor coisa, especialmente a conexão. Aparentemente, o PC parece ser a melhor plataforma para jogar, mas o netcode continua sendo ruim.

Se o básico de um mundo pós Covid tem sido o online e não se deram o trabalho de implementar Rollback Netcode, que tem sido a solução para o online ruim que assombrou o gênero há mais de 10 anos. Claro que ainda podem rolar updates para tornar o online melhor, ainda mais visto que vai haver algum suporte pós lançamento devido ao season pass e já foram lançados uns patchs de balanceamento.

As suas mecânicas diferenciadas, jogabilidade convidativa e ótima fidelidade visual à obra certamente vai agradar os fãs da série pela transição de tanto espírito dos mangás, só que ainda parece que All Star Battle não teve um lançamento 100% correto, pois falta conteúdo para um single player decente e não há recursos online bons, o que compensa é o fator fan-service e o elenco enorme e variado. Em meio há uma crescente de jogos de luta, uma “nova versão” trazer praticamente a mesma estrutura de um jogo de 2013 para 2022 é um ato falho. 

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