segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Review - THE MISSING: J.J. Macfield and the Island of Memories



The Missing: J.J. Macfield and the Island of Memories é um jogo, que além de ter um nome enorme, é publicado pela Arc Systems e desenvolvido pela White Owls Inc., empresa fundada por Hidetaka "Swery" Suehiro, conhecido por Deadly Premonition e D4 (cujo eu já escrevi um review), Swery é conhecido por fazer jogos estranhos, desde sua premissa até gameplay, e esse não é diferente.




Acompanhamos a história de J.J. Macfield, uma jovem estudante que chega em Memoria Island para acampar com sua melhor amiga, Emily, no entanto, a mesma desaparece. Enquanto J.J. procura sua amiga, um raio cai dos céus e a mata brutalmente, então ela é ressuscitada por um estranho médico com cabeça de alce, após o ocorrido, J.J. adquire um poder de sobreviver aos mais letais ferimentos e podendo até regenerar seu corpo.

A jornada em busca de Emily será tortuosa já que a "imortalidade" de J.J. é a chave para progredir. The Missing é um puzzle-platformer 2D onde você basicamente segue uma linha reta, parando em locais para encontrar um jeito de seguir em frente, e as vezes fugindo de um monstro bizarro. A personagem se move mais "realisticamente", usando caixas e correntes no cenário, porém a plataforma não é o destaque, pouca coisa requer reflexo e dominar bem os controles, aí entra a parte onde é necessário usar a cabeça, figurativamente e literalmente.


J.J. tem que se ferir de diversas formas cruéis pra poder avançar, como ter os membros arrancados e usá-los como peso, sair girando apenas com sua cabeça pra passar em lugares estreitos, ser incendiada e queimar vinhas que bloqueiam seu caminho, levar uma pancada de uma bola de demolição e o cenário de cabeça pra baixo, enfim... Uma variedade de brutalidades. 

Apesar do modelo da personagem ficar todo escuro quando está ferida, e não ter nada muito sangrento, cada ferimento é mostrado de uma forma dolorosa, com gritos de agonia, aquele raio-x bacana da sua perna quebrada com aquele som 'crocante' do osso estalando, e há alguns detalhes bem bacanas são adicionados dentro da jogabilidade. Se J.J. se agarram numa corda sem um braço, ela não tem força pra se segurar, se pular com apenas uma perna, ela cai. Isso até pode ser bem desconfortável, mas a violência acaba se tornando bem cômica com o tempo.

O jogo é cheio desses contrastes, você está praticamente sozinho explorando uma ilha deserta, o estilo de arte bem simples, com ambientes normais como uma igreja, áreas de construção e etc. E tá lá a protagonista se "matando" e gritando de dor e agonia, que aliás, é o que você mais ouve dentro do jogo, pois a trilha sonora é curta e utilizadas apenas em cenas da história ou quando o monstro te persegue.


E mesmo com esse clima solitário e macabro, a história é algo bem pessoal, você recebe mensagens no smartphone, mostrando parte de um histórico de conversa entre J.J. e Emily e também entre J.J. e sua mãe. Outras conversas da protagonista com diversos amigos são desbloqueadas conforme você coleta "donuts" espalhados pelo cenário, que não são obrigatórios, mas dão um contexto maior sobre a vida de J.J. e os acontecimentos da trama.

O método narrativo pode não ser muito atrativo, já que você vai ter que parar vez ou outra apenas pra ler texto, mas acabei achando bem interessante e bem desenvolvido, sabendo entregar parte por parte da história, que acho que é o ponto principal do jogo.

A frase de abertura de The Missing é: "Este jogo foi feito com a convicção que ninguém está errado em ser o que é". Ele trata de um jornada de sofrimento e aceitação, que toca em assuntos sensíveis, que é melhor não me aprofundar devido à spoilers, não diria que foi algo que me emocionou bastante, foi mais algo que me fez refletir sobre o assunto.


Provavelmente, muita gente vai perder The Missing no meio de tantos lançamentos, o que é compreensível, não é um jogo pra todo mundo, a campanha tem umas 6 horas, ele tem alguns problemas de performance e alguns bugs, mas entre puzzles sádicos e uma bela história de desenvolvimento pessoal. Até diria que o enredo é seu maior destaque, porém o conjunto todo criou algo bem único que vale a pena ser jogado por qualquer um, embora creio que não deva ser algo que todos vão amar, mas pode ser uma bela surpresa pra muita gente.

Nota: 8

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