sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Review - Uncharted: Drake's Fortune

O começo de umas das séries mais queridas do Playstation 3, Uncharted foi o primeiro passo da Naughty Dog no então novo console da Sony. Antes disso, a desenvolvedora era conhecida pela série Crash The Bandicoot no PS1 e Jak and Dexter no PS2, então as aventuras de Nathan Drake seriam um território não explorado para a empresa, deixando de trabalhar com mundos de desenho animado e pulando para uma aventura ‘realista’. Entretanto, Uncharted ainda carrega bastante aspectos dessas antigas séries, ou acredito que sejam costumes da equipe de desenvolvimento, por exemplo as animações dos personagens ainda é meio cartunesca, desde as expressões até os movimentos. Talvez sejam apenas umas estranhices da época, mas comparando com algo como Metal Gear Solid 3 do PS2, parece ser bem menos real. 

Nunca joguei muito de Jak and Dexter, porém sei que haviam mecânicas de tiro e plataforma e os dois fundamentos da jogabilidade de Uncharted são o tiroteio e o platforming. Já estávamos na era dos cover shooter e também já passamos pela trilogia "acrobática" de Prince of Persia. Uncharted mistura esses dois elementos principais, mas não fazendo nada muito impressionante com eles. Os segmentos de ação não se combinam com o de plataforma, não dá pra macaquiar e dar tiro ao mesmo tempo, logo você não pode utilizar das técnicas de parkour de Drake para o combate, o que leva a ser um jogo muito “play-safe”, não tome riscos, não faça loucuras, senão você vai ter que se esconder e esperar sua vida regenerar.


O interessante é que os inimigos são agressivos, eventualmente um vai avançando para sua direção, forçando que o jogador saia da cobertura, mas dá pular pra outra cobertura, pois ficar muito tempo fora é muito arriscado. Enquanto um jogador com mais conhecimento das áreas, posições de inimigos, etc. pode até fazer jogadas mais ousadas. Ainda acho que essa parte é a mais irritante de todo Uncharted 1, já que os outros, principalmente o 2 e 4, parecem deixar você mais livre e a ação flui melhor. 


Joguei na dificuldade “Crushing”, liberada após terminar o jogo, já que é minha segunda vez jogando ele, e muitas partes são simplesmente punitivas demais, como a “sala azul”, que descobri ser um ponto comum de frustração dos jogadores da série, necessitando fazer um truquezinho para ter chance de avançar. Ainda há momentos onde o jogo te taca numa situação onde é inevitável tomar dano, o que é mais tranquilo em dificuldades mais baixas, mas no Crushing sua vida total é reduzida pela metade, logo enchi o saco e fui para o Hard.


Quanto ao platforming/parkour, apesar de ser um dos aspectos mais chave da franquia, aqui é bem nos trilhos, o que não é necessariamente ruim, mas não há nem muitas variedades em como abordar os inimigos. O fato de não haver nenhum highlight, contorno, ou coisa parecida para indicar os caminhos é legal, pois utilizam elementos naturais do cenário, tendo cores diferentes, ou alguma diferença visível, além da câmera focar no caminho certo. Vez ou outra, tem algum puzzle que utiliza o caderno de Drake para te guiar para a solução, nada muito complexo, até o parkour em si apresenta algum fato de descobrimento, nada que seja necessariamente difícil, o que acho uma simplicidade que deixa o jogo menos interessante e é uma reclamação que poderia ser aplicada a toda parte de jogabilidade de UC1.


Talvez alguns problemas possam ser coisa do remaster, que até onde vi é bem elogiado. Como jogo em si, não imagino como a versão original possa ser melhor, mas vai saber. O remaster, parte da Nathan Drake's Collection, me pareceu ser muito competente, dando aquela polida no visual, principalmente nos cenários e o uso de luz e sombra, enquanto os modelos tiveram uma melhora, mas ainda tem aquela carinha de PS3, principalmente pelas animações. Deve ser a melhor maneira de jogar Drake's Fortune atualmente, contando com um modo foto e alguns rankings para comparar com seus amigos de PSN, como quem deu mais headshots com arma x.


Pra quem experimentou os títulos principais da série antes desse, vai estranhar a falta de locações mais "diferenciadas", visto que o jogo se passa, em sua grande maioria, em uma ilha tropical, te colocando em florestas, ruínas, templos subterrâneos indígenas e coisas similares, chegando em barcos velhos e enferrujados, trazendo até uma reviravolta em relação a busca do tesouro de Francis Drake e as outras expedições que vieram depois de sua morte. Apesar de fazer anos de seu lançamento, não vou estragar a surpresa para quem não a conhece, mas digo que é uma das partes mais legais do primeiro jogo, justamente por ser tão diferente, tendo um toque de terror e deixar a ação cover shooter de lado.



O maior destaque ainda fica em torno do elenco principal, Nathan Drake funciona muito bem como protagonista, tendo o lado nerdão de arqueologia e o jeito meio malandrão. É um personagem muito carismático, sempre com suas observações engraçadinhas, boas interações com seu mentor Sully e seu interesse romântico Elena. O jogo começa com Elena auxiliando Drake em sua busca pelo caixão de Francis Drake, até Drake e Sully abandonarem a moça para irem em busca de El Dorado. Ela segue os dois e entra sem convite no meio dessa jornada, provando-se ser mais útil do que imaginaram e tão afiada quanto o protagonista. Sully é o velho cheio dos papinhos que sempre se envolve em alguma enrascada, tendo uma moral meio contestável, mas um relacionamento forte com Drake. Bons personagens e com uma excelente dublagem, que trazem todo charme para esse tipo de aventura em busca de um tesouro perdido.


Os vilões não são muito interessantes, sendo só aqueles caras do mau que nem o Pica-Pau, eu nem lembro dos nomes deles, o vilão principal é um velhote que maltrata seus subordinados, sendo um deles até um conhecido de Drake e agora ex-amigo. Não vejo exatamente essa parte como detrimento, até acho adequado visto as inspirações da série, ao menos não lembro dos vilões de Indiana Jones, fora o fato deles serem nazistas, líderes de tribo e etc.


Drake's Fortune não é terrível, mas não diria nem que é especial. Provavelmente foi um pequeno teste da Naughty Dog para se adaptar ao PS3, bem como a gráficos realistas, um novo elenco e estilo de jogo, só mostrando pra que realmente vieram com o próximo título da série. O clima aventuresco, o trio principal e algumas setpieces são legais, só que no fim não montam uma experiência memorável. Não chega a ser muito prejudicial, sendo que ele é consideravelmente curto e não faz nada de muito errado, fora certos pontos de dificuldade. Em compensação, nada é incrível, tornando um jogo que se mantém num nível de qualidade que não tem picos grandes e algumas baixas aqui e ali, sendo um jogo que não fede e nem cheira.

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