Hokuto no Ken é um dos mangás mais prestigiados no Japão. Com a primeira aparição em 1983 na revista Weekly Shonen Jump, o mangá roteirizado por Buroson e desenhado por Tetsu Hara apresenta um mundo pós-apocalíptico arrasado pela guerra onde somos apresentado a Kenshiro, herdeiro da arte assassina conhecida como Hokuto Shinken, uma técnica com mais de 1800 anos de história e que consiste em acertar os pontos vitais de seus oponentes faze-los explodir. Após ter sua noiva sequestrada, Kenshiro sai em uma jornada para encontrá-la enquanto arrasa os inimigos no caminho. Com uma mistura de Mad Max e Kung Fu e direito a muitas referências cinematográfica, a obra fez grande sucesso no Japão, sendo cultuada até hoje.
Logicamente com o sucesso vários produtos da serie surgiriam e isso significa que jogos de vídeo games estão inclusos. Hokuto no Ken teve uma lista imensa de jogos, mas de uns tempos pra cá eles estavam bem escassos. Até que em 2017 a Ryu Ga Gotoku Team, a equipe responsável pela serie Yakuza, anunciou o jogo Hokuto Ga Gotoku, conhecido aqui no ocidente como Fist of the North Star: Lost Paradise. Como fã de Hokuto no Ken e Yakuza fiquei extremamente surpreso e feliz com a notícia e logicamente que não pude perde a oportunidade de jogar.
Lançado no Japão em 8 de Março de 2018 e no resto do mundo em 2 de Outubro de 2018, Fist of the North Star: Lost Paradise trazx uma história alternativa dos acontecimentos de Hokuto no Ken. Isso se deve ao fato que o jogos de Yakuza se concentram sempre no ambiente de uma cidade, já as aventuras de Kenshiro não possuem um lugar fixo. Para resolver esse problema o jogo simplesmente conta uma história inédita e alternativa, mas que conta com os personagens do mangá em situações diferentes da obra original.
A história começa exatamente no fim do 2° volume de Hokuto no Ken, onde Kenshiro está preste a enfrentar seu ex-amigo Shin, o raptor de sua noiva, Yuria. Após a batalha (que aqui é nada mais que o tutorial do jogo) Shin, no seu leito de morte, revela a Kenshiro que Yuria não está mais com ele e a mesma se foi. Kenshiro então segue vagando pelo deserto até que adquire a informação de que Yuria se encontra no Paraiso Perdido, conhecido como Eden. Eden é uma cidade murada com abundantes recursos, onde a entrada só é permitida pra alguns e possui suas próprias leis e regras. Kenshiro irá se dirigir a ela para encontrar a sua amada, mas não antes de lidar com problemas das cidades e enfrentar vilões clássicos nessa nova visão de Hokuto no Ken.
Esse é um dos trunfos de Fist of the North Star: Lost Paradise, o fato de o jogo possuir essa limitação de se passar em uma cidade e toda a aventura de Kenshiro girar em torno dos problemas que ali se encontram poderia ser um problema, mas a equipe de Yakuza lidou tão bem com essa nova história que eles conseguem encaixar muito bem os motivos de Kenshiro ficar e ajudar nessa cidade assim como readaptar momentos emblemáticos do mangá em novas citações. Os personagens clássicos de Hokuto no Ken estão lá, além de Kenshiro, Shin e Yuria temos também Toki, Rei, Thouser, Jagi e claro, o poderoso Raoh. Além desses personagens clássicos, o jogo traz novos personagens que interferem diretamente na história e eles são bons personagens, funcionam bem naquele mundo e tem os seus dilemas.
Mas, como se trata do jogo da equipe de Yakuza, logicamente terão características marcantes dos jogos originais. Eden é um lugar movimentado com várias pessoas transitando, muitas side quests estranhas e com muito humor, mini games e logicamente os marginais que sempre vão te desafiar pra apanhar bastante do Kenshiro.
A jogabilidade é simples e aparenta um amalgama dos controles de Yakuza com a serie Hokuto Musou (jogos anteriores de Hokuto no Ken). O botão quadrado possui golpes fracos e médios que desencadeiam combos, triangulo da um golpe forte que pode ser intercalado com o quadrado pra variar os combos, X esquiva, R1 foca em um oponente, L1 defende e o R2 faz Kenshiro entrar no Bust Mode, onde tem a emblemática cena dele rasgando a camisa e aumentando sua força.
Mas com certeza o ponto alto da jogabilidade é a execução das técnicas do Hokuto Shinken, que após seu oponente tomar alguns golpes o botão bola fica disponível para executar um golpe que o paralisa, ou se você aperta o botão com uma precisão maior já explode o mesmo de imediato. Após o oponente ficar paralisado aparece a opção de apertar bola novamente fazendo com que Kenshiro execute uma técnica do Hokuto Shinken e alguns botões para você apertar para que a técnica tenha maior efetividade. Sem duvida essa é a parte mais legal das lutas, poder executar cada técnica do Hokuto Shinken é algo fenomenal e não tem como você não se sentir na pele do próprio Kenshiro. A variedade das técnicas é bem grande, tornando as lutas bem divertidas e diferenciadas, colaborando com a vontade de evoluir o personagem.
O jogo também conta com um sistema de equipamentos chamado talismã, onde você equipa itens que são representados por cada personagem da serie. Cada talismã confere uma habilidade diferente ao Kenshiro, desde técnicas correspondentes ao personagem do talismã até algum bônus de status. Logicamente esse sistema possui um tempo determinado para recarregar após o uso, o que faz pensar bem na administração dos mesmos, pois são itens que ajudam muito no combate.
Além das lutas corpo a corpo, o jogo também possui um Buggy, um veiculo que você ira utilizar para cruzar os desertos além de Eden. Apesar da utilização do Buggy ser algo recorrente no jogo, ele é um tanto quanto simples tendo uma customização básica pra ser utilizado em corridas. Apesar disso o controle dele é um pouco travado, em vários momento o Buggy bate nas coisas e parece ser feito de borracha e quando se pula de uma grande altura e nada acontece ao chegar a chão.
Fist of the North Star: Lost Paradise consegue unificar com proeza o mundo de Hokuto no Ken em um jogo nos moldes de Yakuza, não só adaptando momentos emblemáticos para casarem com a nova história do jogo, mas também apresentando uma história inédita que deixa aquele gostinho de quero mais, respeitando personagens clássicos e trazendo personagens novos ao qual você vai se importa sem parecer algo forçado, trazendo lutas com aberturas incríveis e confrontos bem desafiadores. Não só uma obra para fãs de Hokuto no Ken ou fãs de Yakuza, mais sim um ótimo jogo que cumpre muito bem o seu papel.
Nota: 9
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