O Jump Force pode ser um pouco duro às vezes, talvez você
não saiba disso, mas o Jump Force também cresceu sem console. Na verdade ele
nunca conheceu nenhum de seus consoles, e nunca teve nenhuma compatibilidade em
nossa geração. Mesmo assim eu nunca vi ele hackeado, ficar bugado ou se dar por
travado, ele está sempre disposto a melhorar, ele quer ser GOTY, é o sonho dele
e o Jump Force daria todas as suas vidas extras por isso sem hesitar. Meu
palpite é que ele se cansou de carregar e decidiu fazer alguma coisa a
respeito!
Algo histórico aconteceu em fevereiro deste ano, um jogo
prometendo reunir todos os heróis da Shonen Jump, a aclamada revista de
histórias em quadrinhos japonesa responsável por Dragon Ball, Naruto, One Piece
e outros tantos mangás de sucesso no Japão e no mundo.
Obviamente as expectativas para tal game seriam altas e logo
que os primeiros gameplays foram sendo soltos, as expectativas altas foram
sendo destruidas, uma a uma, colocando o jogo como uma das apostas para o pior
game do ano pelo Locadora TV.
Tudo começa com Freeza atacando Nova Iorque com um grupo de
Venoms. No meio da batalha aparecem Goku e Trunks, que revive um civil atingido
no meio da batalha. Quando Freeza vai embora, o humano revivido com um Cubo
Umbras é levado até o QG da Jump Force, onde ele conhece o diretor Glover, que
lhe explica que o mundo humano está colidindo com o mundo da Jump, o que faz
com que uma série de vilões comecem a atacar o planeta. Agora é sua missão de
derrotar essas vilões e descobrir a causa desse efeito que assola o planeta ao
lado de vários heróis da revista.
Num primeiro momento você deve se unir a um dos três grupos
de heróis principais, cada um herói principal de alguma série da Jump (Dragon
Ball, Naruto ou One Piece) e alguns personagens secundários de outras revistas.
O QG da Jump Force funciona como um lobby que também lhe permite conhecer
outros jogadores do game quando no modo online.
A partir daí você pode engajar em lutas online, missões
principais, missões alternativas e afins. O QG é grande, mas você pode usar
“meios de locomoção” como a cadeira-nave do Freeza e o sapo do Naruto. Todos
sem animação e aliás, já vamos entrar nesse ponto.
Além de todos os personagens parecerem mais bonecos firulas
de alguma barraquinha de R$ 1,99 qualquer, o game é muito mal animado. Os
veículos, por exemplo, parecem parados na tela enquanto o cenário se move. A
animação de caminhada do personagem é chula e as cut scenes parecem terem sido
feitas por algum estúdio que faz filmes 3-D vagabundos lançados diretos para
DVD.
Fora as animações e a feiúra que é esse jogo há ainda uma
quantidade imensa de loadings na tela para praticamente tudo. Entre iniciar uma
missão, ver a cut scene e começar a batalha, há pelo menos 2 loadings, isso se
a cut scene não se dividir em mais de uma. Numa média, a cada 1 minutos há 1
loading no game.
Jump Force, apesar de não ser um RPG, inclui um sistema de
nível em todos os personagens, o que faz com que as lutas contra os vilões se
tornem cansativas com o passar da história, afinal eles ganham poder num espaço
de tempo muito menor que você, forçando-o a realizar as missões aleatórias pra
ganhar mais níveis. Isso aumenta a dificuldade e diminui a diversão.
E como!
Apesar de todos os defeitos, o game reúne todos os personagens
mais conhecidos dos mangás da Jump e até alguns não tão conhecidos. De Dragon
Ball, Naruto e One Piece, até Black Clover, Boku no Hero Academia e até Death
Note, passando por Bleach, Hunter X Hunter, Yu Yu Hakusho e Cavaleiros do
Zodíaco.
Para quem é fã de animes, o jogo é um prato cheio de
nostalgia. E apesar dos gráficos serem ruins, o que os desenvolvedores não
gastaram nos personagens e cenários, gastaram nas animações dos golpes
especiais, chegando a compensar o que não foi feito com o resto do game. Até
mesmo personagens improváveis como o Kilua e o Yugi te deixam com vontade de
jogar devido aos seus golpes especiais.
A história do game tem sofrido críticas e, de fato, ela é
muito rasa, no entanto, isso foi realizado com a intenção de simular um
verdadeiro mangá shonen. Lutas repetitivas, diálogos sem conteúdo, história
abandonada por muito tempo a fim de deixar o jogador lutando com uma ampla gama
de vilões e heróis que sofreram lavagem cerebral por muito tempo e um final com
plot twist previsível e gancho para uma continuação. É o enredo típico de todo
mangá shonen por aí. Uma homenagem digna de nota!
Fora que as animações servem de material para momentos muito
engraçados, embora seja um humor não-intencional. É impossível não rir a
primeira vez que se invoca o sapo para andar por aí.
Como não rir dessa joça? |
Olha, o Jump Force pode ser um pouco duro as vezes, mas em
qual outro jogo você poderá colocar o Goku ao lado do Yukisuke e do Kilua para
enfrentar o Freeza, o Toguro e o Hisoka? Só em Jump Force, um jogo digno de se
entrar para o panteão de games que, de tão ruins, se tornam queridos,
engraçados, cults.
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