quinta-feira, 6 de maio de 2021

Review - Mortal Kombat (2021)

Escrito por Leonam

Mortal Kombat é uma série de jogos que usava como principal influência os filmes trash produzidos em Hollywood na década de 80, então uma adaptação cinematográfica abraçar essas influências seria o ideal. Uma pena que os realizadores de Mortal Kombat (2021) não tenham a competência de traduzir isso para as telas.


O início do filme é perfeito para pontuar as deficiências que se arrastam pelo longa, a noção espacial do diretor estreante Simon McQuoid é confusa quando se trata de diálogos, como vimos na cena da invasão do clã do Sub-Zero, onde ele interroga a família do Hanzo Hasashi (vulgo Scorpion) para saber onde ele está, sendo que o próprio está a poucos metros da casa em uma bica de água. Custava procurar? E a sequência ainda nos brinda com a cena tragicômica entre Scorpion e Sub-Zero conversando em línguas diferentes onde um não entende o outro e confesso que gostaria também de não ter entendido o que estava sendo dito.


O roteiro cometido por Gregg Russo, um estreante na função, é recheado de diálogos constrangedores como “Sou Kung Lao, neto de Kung Lao” e furos de roteiro que beiram a infantilidade. Por exemplo, qual motivo o Raiden não levar os heróis para a dimensão que fica fora do alcance do Shang Tsung desde o começo? Os poderes dos personagens aparecendo de acordo com as necessidades da história transforma Mortal Kombat no filme com o maior número de Deus Ex Machina por minuto, o que certamente deixaria Christopher Nolan invejoso. Nem vou entrar no mérito de como determinados personagens conseguiram aparecer em determinados lugares sem qualquer explicação, contando ainda com a ideia esdruxula de um filme do Mortal Kombat sem o torneio em si o e com uma gama de personagens sendo jogados na tela sem qualquer contexto.


A decisão de incluir um personagem que não existe nos jogos e ainda transformá-lo em protagonista se torna algo desastroso. O Cole Young tem zero carisma e o ator Lewis Tan não se esforça muito para isso, o que prejudica demais e a pergunta martela na cabeça durante todo o longa: Por qual o motivo o protagonista não é o Liu Kang? O Kung Lao? Johnny Cage ou até o Scorpion? Trocaram esses caras todos por isso? Já os outros atores vão do medíocre ao ruim, o que pode se destacar durante os momentos iniciais é o Kano interpretado por Josh Lawson, visivelmente se divertindo muito no papel o ator se esforça para tentar tirar algo de um texto tão pobre e é dele o feito de conseguir arrancar duas boas risadas durante o longa. O vilão Shang Tsung é de uma nulidade absoluta e o Raiden peca por não ter a imponência que demonstra nos videogames. Já Liu Kang e Kung Lao pelo menos conseguem ter dois bons momentos durante suas breves participações.


A direção não é desastrosa. McQuoid consegue seguir regras básicas para construir cenas de ação, conseguindo estabelecer a misce em scene com relativa competência não deixando as lutas confusas. perceba que antes do início das cenas de luta ele sempre estabelece o cenário com tomadas abertas, uma pena mesmo é a montagem problemática que abusa de cortes rápidos e impróprios muitas vezes no meio da execução dos golpes. No final das contas as lutas não são memoráveis e os efeitos bem irregulares, os olhos do Raiden são ridículos, mas elas são competentes na maior parte do tempo. Gosto também da composição de quadros do cineasta e a sequência da primeira tentativa de sequestro do sub-zero à família do Cole Young é particularmente bela. O design de produção tenta ser fiel aos jogos, mas falha na maior parte do tempo, transformando a caracterização dos personagens em reinvenções pálidas dos videogames, os cenários não tem nada digno de nota, a “roupa” do protagonista, que ele ganha no terceiro ato, é risível parecendo que foi retirada dos latões de lixo das filmagens do filme do Aquaman e os monstros feitos em CG são o puro suco de vergonha alheia. A trilha sonora que no filme de 1995 foi um marco aqui é genérica e esquecível.


Mortal Kombat é um filme desastroso que tem a mediocridade das lutas como sua maior virtude com um ou outro momento mais inspirado, mas que entrega um roteiro bisonho e versões esvaecidas dos personagens dos jogos e um protagonista enfadonho que sepulta qualquer tipo de redenção do filme.

NOTA: 3/10

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