quarta-feira, 13 de março de 2019

Review - Devil May Cry 5


Na E3 de 2018 tivemos dois anúncios mega esperados da amada e odiada Capcom, Resident Evil 2 Remake (já temos um excelente review aqui), que já tinha sido anunciado há 4 anos, e Devil May Cry 5, dando sequência a franquia que estava "parada" há 10 anos, sem contar o reboot e a Special Edition de DMC4.

A Capcom fez barbaridades com DMC, visto na qualidade de DMC2, a repetitividade de DMC4 e a impopularidade de DmC, e agora eles fizeram justiça à equipe de desenvolvimento, dando o tempo e o orçamento necessário pra sair, o que parecia ser, o melhor jogo da série. E após muitas imagens, trailers, vazamentos e um hype descomunal, Devil May Cry 5 está aqui e mostrou que todo esse tratamento que recebeu pra esse título, é muito mais que merecido.


Após os eventos de Devil May Cry 4, Nero e sua amada Kyrie vivem juntos e o rapaz trabalha na sua própria "filial" da Devil May Cry em uma van, e com ajuda de Nico, uma talentosa criadora de armas, os dois saem por aí caçando demônios. Até um dia onde um estranho se aproxima de Nero arranca o seu braço demoníaco, a Devil Bringer.

Tempos depois, V, um misterioso jovem, entra em contato com Nero e pede seus serviços para exterminar Urizen, o demônio que roubou a Devil Bringer, que está desolando Redgrave City com as raízes da árvore demoníaca Qliphoth e pretende se tornar o próximo Rei Demônio. V também contratou Dante para o serviço e ambos são derrotados pelo vilão, mas Nero consegue fugir com V. Um mês depois, Nero está preparado, trazendo consigo um braço robótico criado pela Nico, a Devil Breaker, ele volta pra Redgrave e está pronto para mais um confronto com Urizen, assim tendo a chance de conquistar sua vingança e resgatar seus amigos.

Devil May Cry 5 é meio como um "capítulo final" da saga, assim como dá uma ideia de ela pode ir no futuro, a história principal é cheia de fan-service, e como qualquer fan-service, não vai atender todas demandas dos fãs, mas devo dizer que eles fizeram coisas que jamais pensei que aconteceriam, fiquei muito surpreso e feliz com o que foi apresentado, diria que seria mais que justo esse ser o último jogo, o que seria bem difícil.

Pra quem não dá bola pra isso, ou não tem familiaridade com a série, pode se divertir com as cutscenes de ação over the top e os diálogos bem humorados, Nero, e principalmente Dante, continuam com a tradição de tirar sarro de seus inimigos, e os novos personagens dão um novo ar pra esse lado mais cômico, como a Nico com seus métodos de dirigir absurdos e a zoadas no Nero, que deixa os dois como uma bela dupla. Claro que nem tudo é comédia, a parte mais séria e dramática é bem legal, que só funciona tão bem devido ao carisma do elenco, principalmente envolvendo Nero e seu desenvolvimento dentro da trama.


Houveram algumas mudanças de estrutura, as fases são mais lineares e há pouco backtrack, mas em compensação o ritmo é bem melhor, a maioria das fases lhe garante alguma coisa nova, como Devil Breakers para Nero ou armas para Dante. E os segredinhos estão muito bem escondidos, com rotas alternativas, upgrades e as missões secretas, rejogando várias vezes, ainda dá pra achar novidades.

Já vale ressaltar que o jogo é de encher os olhos, o cenário da cidade em ruínas e dominada por demônios é tão devastador quanto é bonito, já as algumas missões que se passam dentro da Qliphoth são pouco variadas visualmente, dando uma cara meio repetida, embora o ambiente ainda seja bem bonito. É visível quedas de fps em alguns momentos, pelo menos no PS4 padrão, imagino que isso deve ser o máximo que dá pra conseguir em 60 frames (ou quase isso) nessa geração. Além disso, as animações e a parte de áudio são excelentes, algo bem visível durante as lutas, seja o comportamento dos inimigos, os seus golpes e até os taunts estilosos.

O combate é o astro principal e recebe 90% do foco, o que é totalmente justificado pois temos uma boa variedade de inimigos e, praticamente toda fase acaba com uma bossfight única, é impressionante o nível de dedicação colocado em cada uma das missões, ainda mais com a possibilidade de jogar algumas delas com personagens diferentes.


Inclusive, esse sistema de múltiplos personagens gera um sistema de co-op online interessante, há missões que você pode jogar lado-a-lado de outro personagem, enquanto a maioria é só assistir outro jogador progredindo em seu próprio jogo, outros permitem que pessoas estejam na mesma área enfrentando inimigos juntos, infelizmente são poucas fases assim e não há nenhum chefe que possa ser enfrentado desse jeito.

Voltando ao combate, DMC5 continua com sua jogabilidade focada em bater em todo mundo com muito estilo, a barra de estilo é preenchida conforme você vai acertando golpes e variando seus combos, essa barra vai caindo conforme o tempo ou se o personagem tomar dano, então é incentivado que o jogador use todos os recursos muito bem, até é consideravelmente fácil chegar ao rank S, mas mantê-lo e chegar a SS e SSS requer um esforço maior, e, ao contrário de toda série, a sua avaliação no final da missão depende apenas dos pontos do estilo, o que torna DMC5, um dos mais fáceis de conseguir boas notas nas missões.

Aliás, a dificuldade normal (Devil Hunter) é bem de boa, tive só alguma dificuldade com as quatro missões finais, onde há alguns chefes meio complicados, e aspectos da jogabilidade foram facilitados, como dar parry usando Dante. O modo difícil (Son of Sparda) deixa os inimigos mais agressivos e dá novos golpes pra eles, bem como muda o posicionamento dos demônios, colocando os mais fortes em áreas inicias, não poderia deixar de faltar o clássico modo Dante Must Die, que é exatamente o que o nome diz (incluindo os outros personagens), deixando os inimigos muito mais fortes e com mais novos golpes, fora que não há orbs espalhadas no cenário para você recuperar sua vida e Devil Trigger.

Como todo bom Devil May Cry, a graça é rejogar, treinar combos novos, achar os segredos e encarar esses novos desafios, imagino que veteranos da franquia vão ficar decepcionados com facilidade da primeira jogatina, eu achei que fizeram algo mais equilibrado para novatos, parece que esse início é um "playground", aonde o jogador se sente poderoso e vai pegando o jeito das mecânicas, e assim que desejar, pode buscar algo mais difícil depois.


O maior destaque são os três personagens jogáveis, temos os já conhecidos Nero, Dante e o novato V, algo bem diferente de tudo que já se viu na franquia, ele é um sujeito comum que apenas pode dar o golpe final nos inimigos enfraquecidos por suas invocações, Shadow e Griffon, que servem pra cobrir ataques à curta e longa distância, respectivamente, além de Nightmare, um poderoso golem que é convocado usando a barra de Devil Trigger. V deve ficar longe, evitar ser atacado enquanto controla seus demônios, pode até parecer complicado, porém é o personagem mais fácil de jogar, dá pra resolver algumas batalhas facilmente só apertando botões aleatoriamente, e V não adquire nenhuma nova técnica ou arma, e os golpes das invocações são meio limitados, com certeza não é um personagem padrão focado em diversos combos, mas é algo bem único e divertido pra te deixar massacrar tudo a sua frente enquanto faz um taunt de "air violin".

Nero já é algo bem padrão, tendo sua espada Red Queen e seu revólver Blue Rose, com mecânicas interessantes, a espada tem um acelerador que permite ser "energizada" com fogo, o que deixa seus golpes mais fortes e o Blue Rose pode carregar 3 tiros fortes que ajudam bastante a estender seus combos. A novidade para o rapaz são os Devil Breakers, braços mecânicos multifuncionais com, geralmente, duas habilidades, uma normal e outra "especial" que explodirá o braço. No início de cada missão, você pode escolher qual Breakers levar, e vai achando outros pelo cenário, não é possível trocar entre eles, então tem que ter uma ordem certa e usá-los para partir pro próximo, e evitar tomar dano enquanto os usa para não quebrá-los.

E por fim, Dante, o lendário caçador de demônios faz mais que jus ao seu título, sendo o personagem mais complexo de toda série, possuindo quatro estilos de luta, quatro armas corpo-a-corpo e quatro armas de fogo, algumas armas possuem até modos de combate diferente, como a Balrog, luvas e botas que possuem um estilo similar a boxe e outro similar a capoeira. Todos os recursos que ele tem o tornam uma devastadora máquina de matar extremamente estilosa, sem dúvidas a melhor encarnação do herói e um dos melhores e mais completos personagem em jogos de porrada, pode até ser bem intimidador para novatos que partem de Nero e V pra chegarem no Dante, mas o The Void, modo treinamento, tá aí e nunca foi tão fácil praticar combos em DMC quanto aqui.


Hideaki Itsuno, o diretor da série desde o segundo jogo, disse que Devil May Cry 5 iria superar todas expectativas dos fãs, algo um tanto quanto perigoso de se dizer, mas demonstra o quão confiante estava em sua obra, e na minha singela opinião, Itsuno está certo, DMC5 é fantástico, não só trouxe de volta o jogo que foi a gênese de seu gênero, como o modernizou sem perder o que fazia ele ser tão bom, pegando aspectos de todos DMC, até do infame reboot, e implementando-os de uma forma bem funcional.

Só por seu combate variado, fluído e complexo, fazem dele um excelente de jogo de ação, agora somando outros aspectos como história, ritmo, cutscenes, visual e áudio, fazem Devil May Cry 5 um excepcional. Claro que como fã da franquia, sinto falta de algumas coisas como roupas desbloqueáveis e o turbo mode, porém ainda temos a DLC gratuita vindo aí com Bloody Palace, um modo arena onde você enfrenta todos inimigos, e de qualquer forma, o que temos aqui é  algo com qualidade invejável, superando muitas expectativas e indo além.

Nota: SSS
ou 10, se você não entendeu

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