segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Review - Professor Layton vs. Phoenix Wright: Ace Attorney

Ace Attorney e Professor Layton são duas séries bem familiares para os jogadores do queridinho Nintendo DS. O portátil de duas telas era uma opção barata para desenvolvimento de jogos e foi casa de diversas franquias e jogos diferenciados. Enquanto Ace Attorney nasceu no GBA e finalmente teve um lançamento global no DS, Professor Layton já nasceu no consolezinho. De um lado temos um advogado desesperado em uma dramédia judicial, do outro as curiosas aventuras de um arqueólogo e seu discípulo resolvendo quebra-cabeças e mistérios. Acho que não há pessoa que jogou ambos que não pensou como seria a união do às da advocacia com o cavalheiro dos puzzles, e foi isso que eventualmente aconteceu.

Lançado em 2012, e agraciando outras regiões com seu extenso título em 2014, Professor Layton vs. Phoenix Wright: Ace Attorney coloca os dois personagens na misteriosa Labyrinthia, uma cidade medieval, onde habitam aldeões, camponeses e cavaleiros, todos vivendo sobre as narrativas do poderoso Storyteller, o narrador que escreve o futuro da cidade e distribui papeis contando o futuro para os cidadãos. Tirando a fachada de conto de fadas, Labyrinthia tem um lado sinistro em suas práticas contra bruxaria, levando qualquer mulher suspeita de ser uma bruxa para o Julgamento das Bruxas, onde as culpadas são incineradas num poço de chamas.


Então você tem uma cidade "mágica" misteriosa e julgamentos injustos, criando um cenário perfeito para o crossover, apesar de ser uma ambientação e visual mais puxado para Layton. Até mesmo a maioria dos NPCs são mais cara "desenho da Rede Cultura", tirando os personagens mais importantes. É bem perceptível que alguns personagens são mais coloridos e brilhantes que outros, não que seja ruim, e curiosamente, o design de personagens é de Kazuya Nuri, que já trabalhou com Ace Attorney e eventualmente trabalhou em The Great Ace Attorney, o que é uma das várias similaridades entre PL vs. PW.

A estrutura e mecânicas, fora dos julgamentos, são mais similares a Layton, não que as séries não fossem tão similares pra início de conversa. Você sai andando por telas de Labyrinthia, falando com NPCS e encontrando puzzles do nada, mas esses são bem simples e interativos, ao menos comparando com a trilogia original de Professor Layton de DS. Poucos deles são charadas e mais puxados para minigames, guiando bonequinhos em labirintos e coisas similares.

Quanto ao tribunal, nos moldes de Ace Attorney, Phoenix Wright deve interrogar testemunhas em busca de uma contradição, pressionando e usando evidências. Como a vida de uma pessoa está em jogo e os cidadãos clamam por uma punição, a ideia de uma corte medieval é bem interessante, além dos inquéritos serem com mais de uma testemunha ao mesmo tempo e você pode observar o comportamento de outras testemunhas durante um depoimento. O jogo sabe lidar bem com isso, incluindo até um número gigantesco de testemunhas no último caso e colocando figuras bem distintas na bancada.

O sistema judicial é um tanto quanto estranho, apesar do juiz ser mais carrasco do que de costume. O papel do promotor cai para o Inquisidor Barnham, que deve ser um dos menos cretinos que Phoenix já confrontou, fora que o advogado tem auxílio do Professor Layton, que é um personagem bem sabichão. Outro fator curioso é a falta de elementos investigativos mais avançados, como impressões digitais, o que dá um caráter menos complexo para certos crimes, mas pra compensar as testemunhas são bem menos confiáveis, fora que você tem que somar que há magia nesse mundo. O jogador até tem acesso a um livro listando as magias, mas o uso é limitadíssimo, só adicionando as páginas com os feitiços que os personagens mencionam.

Acredito que o maior problema acaba sendo o pacing, vendo que o PL vs PW é dividido em nove capítulos e tendo quatro julgamentos, um deles sendo em Londres, onde Phoenix tem que defender  uma das personagens mais importantes da trama. Diferente de Ace Attorney, muitos casos não se importam muito com a parte investigativa, visto que os julgamentos devem serem resolvidos o quanto antes. Claro que os julgamentos são a parte mais divertida de AA, mas acabam se tornando um pouco extensos, especialmente o último caso que se estende por dois capítulos.

É perceptível que bastantes ideias que nasceram aqui e foram melhores desenvolvidas em The Great Ace Attorney, então é foi uma decisão boa de jogá-lo antes do mais novo relançamento da série. Infelizmente, Professor Layton vs. Phoenix Wright ainda está limitado ao Nintendo 3DS, nem sendo lançado para smartphones, então não é o negócio mais acessível no momento (ao menos o Citra tá aí para os entusiastas da emulação), mas acredito que é uma experiência bem divertida.

Parece que a recepção do crossover foi meio morna, apesar de ser mais positiva, vejo pouca para nenhuma menção dele, talvez por ser mais Professor Layton e a história ter um rumo altamente absurdo como já é conhecido da série, visto que a Level-5 foi responsável pela narrativa. Certamente é mais legal ver Layton apontando o dedo e gritando Objection! do que Phoenix Wright resolvendo um puzzle, mas ainda é um interpretação interessante de botar o advogado e sua assistente nas aventuras do Professor, principalmente pela escolha do setting medieval e envolver magia.

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