terça-feira, 2 de abril de 2019

Review - SNK Heroines: Tag Team Frenzy


Após a "ressurreição" atual da SNK, muita gente anda esperando novos jogos, tirando os relançamentos e jogos de celular, tivemos KOF XIV e esse ano teremos um novo Samurai Shodown, mas entre esses títulos, a empresa resolveu fazer um jogo de luta reunindo diversas das suas personagens femininas, algo que SNK Gal's Fighters já tinha feito, dentro das limitações do 'glorioso' Neo Geo Pocket Color.

SNK Heroines: Tag Team Frenzy é quase um "sucessor espiritual" de Gal's Fighters, além de ter uma pegada da série de tirinhas que a SNK publicou na internet chamada Nariyuki Quest. Apesar de conceitos similares, a execução é totalmente diferente, divergindo não apenas do seu "antecessor espiritual" como muita coisa no gênero de luta, o que o torna algo bem peculiar, e a maior questão ainda seria: Por que não chamaram esse jogo de Queen of Fighters?




Enfim, tão estranho quanto seu nome, SNK Heroines é um jogo de luta de duplas, que até podem serem feitas usando a mesma personagem, que compartilham a mesma barra de vida, mas não a barra de "stamina", onde as duas barras ficam no mesmo lugar, logo, se você perder mais vida, ganha mais stamina, o que é essencial, pois os golpes especiais e os super usam stamina, e os supers são golpes finalizadores que são a única forma de terminar uma luta. Quando eu disse que ele é estranho não é brincadeira, principalmente pra quem é acostumado com os padrões de jogos de luta, sem contar que o ritmo é bem rápido, já que a configuração padrão é de apenas um round.

Apesar de seu sistema bem distinto, a jogabilidade é bem simples,em teoria. Os golpes especiais são feitos com um botão, ou um botão e o direcional pra um lado, não tem golpes baixos, há um botão que realiza agarrão, outro o super e outro pra itens, pois sim, o jogo tem itens também, que podem ser desativados caso o jogador seja contra diversão. Os itens vão de coisas simples como recuperar vida até uma estátua chamada "Daimon" que atordoa qualquer personagem que estiver no chão, ou censura, que deixa a tela toda pixelada, deixando a luta quase indecifrável para os jogadores. O aspecto mais peculiar dos itens ainda é o fato que você pode usá-los a qualquer hora, principalmente pra quebrar um combo do adversário.

Mesmo com toda simplicidade, há possibilidades de fazer combos longos, coisa que é possível ver quando a dificuldade do jogo está em nível 4 pra 5, as mais difíceis, onde o computador pode te massacrar facilmente com todas as técnicas. Golpes que te arremessam na parede, juggles, troca de personagem no meio do combo, tudo isso abre um leque meio complexo de combos, e se adicionarmos os itens ainda, dá pra conseguir um dano absurdo, então mesmo sendo um jogo mais casual, ainda pode satisfazer um pessoal que procura algo a mais no sistema.


Outro aspecto do jogo é o fan-service, nos vários significados da palavra. SNK Heroines tem um elenco de 18 personagens, contando as 4 de DLC, e todas elas, menos Skullomania e Thief Arthur, possuem três roupinhas únicas, e há opções de customização com diversos acessórios, dá pra perder um bom tempo com suas fotos fofas e/ou pervertidas, mesmo que a customização seja bem limitada.

O problema é que os modelos da maioria das personagens são os mesmos de KOF XIV, e as novas não são muito melhores, o que prejudica parte do apelo do jogo, não que ele seja horrível, mas deveria ser mais bonito. Dentro disso, outra coisa que pode desagradar são os efeitos que saem dos golpes, que é uma misturanga de bichinhos, estrelinhas, comidas, exemplo o super da Leona, onde ela dá diversos cortes no adversário e saem comidas, aí no golpe final ela está de costas e o adversário explode e as comidas são cortadas ao meio enquanto sai o som de sininho de fogão. É algo criativo e legal, mas fora disso, parece que só colocaram esses efeitos pra ficar um bonitinho exagerado, que se torna meio incômodo visualmente.

O clima bizarro também perdura na história do jogo, onde todas lutadoras acordam numa mansão misteriosa e com vestimentas "meigas ou sensuais" (como descreve a página do jogo na Steam), ou até gênero trocado, elas estão dentro de uma dimensão criada pelo perverso Kukri, que utilizará das habilidades de todas as duplas pra obter poderes e aquela coisa de sempre. Enquanto Kukri age feito um pervertido observando as garotas, há diálogos e interações entre as personagens bem divertidas, fora que o final de cada uma é uma espécie de pesadelo de realidade alternativa, geralmente com um tom mais cômico, e são excelentes.


É meio difícil pensar qual o público alvo de SNK Heroines. Por um lado temos algo bem simplificado e distinto de qualquer jogo de luta atual, que pode parecer bem casual, mas falta muito conteúdo, sejam na quantidade de personagens, customização e modos de jogo, por outro lado temos um apelo mais sensual e fofinho, porém o gráfico deixa a desejar. Provavelmente qualquer pessoa que não seja fã da SNK, ou um otaku safado, não vai se sentir atraída pelo título.

Tive muita estranheza com todo sistema e jogabilidade, mas quando fui me acostumando, vi que bastante coisa fazia sentido, e outras eram só decisões questionáveis dos desenvolvedores, ele ainda funciona como jogo de luta, e é raro ver um jogo de luta atual que faça algo diferente desse jeito. No fim das contas, definiria SNK Heroines como uma "bagunça divertida", algo digno daqueles jogos estranhos no meio de uma pasta de diversas roms de arcade e acaba encontrando algo bem maluco e experimental, mas acaba sendo bem melhor do que você poderia imaginar.


Nota: 7

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