terça-feira, 16 de abril de 2019

Review - Sekiro: Shadows Die Twice


Pouca ideia se tinha quando a From Software revelou 'Shadows Die Twice' na Game Awards de 2017, mas, atualmente, como qualquer jogo grande da empresa, já gerou um hype absurdo, pessoal esperava mais algum Souls da vida, e mesmo com aspectos similares, Sekiro é algo bem único, e acredito que isso deve ser o que deixou muita gente puta da cara com a dificuldade que, já dizendo, não é esse bicho de sete cabeças.


Apesar de ser um ninja, Sekiro não é um jogo de stealth, é mais ação com stealth, as mecânicas de furtividade são mais um complemento da jogabilidade, que é mais focada em mobilidade e agilidade. Inicialmente, o stealth será muito útil pra lidar com as ameaças, principalmente pela IA não ser muito inteligente, e bisbilhotar as conversas dos adversários, o que vai garantir informações úteis, dando uma ajuda ao jogador, ainda mais que o iniciante pode não ter se acostumado com as mecânicas e ainda tem poucos recursos, e sendo um bom ninja, seu objetivo é utilizar bem todas suas ferramentas.

Fora sua espada, a principal ferramenta do shinobi é seu braço prostético, com um gancho que possibilita uma mobilidade maior, podendo acessar locais mais elevados, o que te permite pegar inimigos desprevenidos, ou fugir com facilidade. Além disso, a prótese pode receber outras "armas", como shurikens, lança, e outras utilidades, é interessante ter essas opções, embora algumas são muito mais úteis do que outras ferramentas, como a bombinha, uma pequena explosão em área que cega o oponente por um curtíssimo tempo, dando chance de atacá-lo, é fácil abusar desse recurso em alguns chefes, mesmo tendo um uso limitado delas.

Me vi usando de tudo um pouco e aprendendo os jeitos de facilitar os perigosos confrontos, mas fui aprendendo que a maneira mais efetiva era ser mais agressivo e entender bem o comportamento dos oponentes, aí que mora a dificuldade. O sistema de combate consiste em focar em um adversário, aí há os 3 fundamentos principais, atacar, defender e esquivar, algo bem simples e óbvio, só que o jogo vai te punir por não usar eles de forma certa, até dando umas hitboxes duvidosas, o que te força a desviar, pular ou defender da maneira que "correta".

A principal mecânica é a postura, uma barra que define o estado do combatente, ao ser preenchida, ele fica atordoado e vulnerável à um ataque fatal, que vai matar ou tirar uma barra de vida, o que é caso de chefes e sub-chefes que possuem mais que uma barra de vida. Para afetar a postura, é preciso atacar e 'defletir' ataques, isso é, defender um ataque no timing certo, caso isso ocorrer, sua postura não será afetada, ou só um pouco, e a do adversário aumenta. Então o soldado com pouca armadura que já vai pra porrada, a postura quebra em questão de uns quatro ataques diretos, enquanto inimigos mais fortes vão gerar batalhas tensas, tem que aprender o "ritmo" de defletir os ataques, atacar e desviar, os chefes recuperam a postura rápido, a não ser que estejam com metade da vida, mas se o jogador dominar bem, dá pra quebrar a postura de alguns chefes em questão de segundos após o início da luta.


Outro aspecto interessante, que está até no título do jogo, é a possibilidade de "morrer duas vezes", sem dúvida um grande facilitador, podendo te salvar naquele momento final da luta contra o chefe onde você se descuidou, ou um artifício para se salvar após ser encurralado por uma porrada de gente, que dá uma oportunidade de acalmar a situação e pegar o inimigo desprevenido.

A ressurreição é parte importante da história, onde o protagonista, Lobo, ou Sekiro, é um shinobi que foi designado a proteger Lorde Kuro, Herdeiro Divino da Linhagem do Dragão, que possui em seu sangue, o poder da imortalidade, algo que é desejado por Genichiro Ashina, último descendente do clã Ashina que dominava a região e agora está a beira do colapso devido aos ataques de clãs rivais.

Sekiro é "abençoado" pela imortalidade de seu mestre, mas isso prova ser uma maldição, pois a imortalidade traz a "praga do dragão", que é agravada cada vez que o jogador morre, algo menos preocupante que aparenta, já que é fácil de curar e só afeta algumas sidequests no fim das contas. A narrativa de Sekiro é bem direta, ao contrário da franquia Souls, mas ainda tem bastante notas de lore e informações para encontrar por aí, e cada local novo traz bastante carga do que está acontecendo naquele mundo e o que essa busca pela imortalidade fez para diversas pessoas, fora que é interessante ver toda a parte mística envolvendo elementos da mitologia japonesa.


Talvez o maior problema de Sekiro seja o começo, onde o jogador não está acostumado com suas mecânicas e a maioria dos oponentes são fáceis, até chegar naquela barreira que te tomará algumas horas pra derrubar, tudo é uma questão de querer aprender, mesmo quando cheguei em uma parte extremamente difícil, após diversas tentativas, apenas saía dali e ia explorar outro canto, o jogo pode não parecer muito aberto, mas há bastante áreas que você pode explorar antes da história te mandar pra lá.

Pra quem esperava mais um "Souls" da vida, talvez não vá ir muito com a cara de Sekiro, por mais que tenha algumas mecânicas de aumentar de alguns atributos, ele é um jogo de ação, nada que seja mega frenético e caótico, mas vai exigir uma precisão maior do jogador. Não sou tão chegado em "Souslike", tirando Bloodborne, e adorei Sekiro, mesmo passando por frustrações, fui entendendo o jogo cada vez mais e vendo que nenhum desafio era impossível, poderia levar horas, mas o golpe final no chefe, sempre era recompensador.

Nota: 9

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