Em 21 de Janeiro
de 1998 chegava às prateleiras Resident Evil 2, a queridinha sequencia do
popular survival horror de Shinji Mikami. Quem tinha um PlayStation curtiu o
jogo que trazia os novos protagonistas, Leon e Claire, enfrentando os zumbis e
armas biológicas que, dessa vez, estavam por toda a cidade de Raccoon City. O
primeiro jogo da série foi refeito e lançado em 2002 exclusivamente para o
Gamecube trazendo gráficos belíssimos, novas mecânicas e cenários fazendo dele
um ótimo remake que poderia ser continuado com Resident Evil 2 e 3, mas esses
ficaram de fora da brincadeira. Por muito tempo os fãs estavam loucos para
revisitar a delegacia, as ruas, as passagens subterrâneas e laboratórios
abandonados de Raccoon City com um visual melhorado. Então, em 2015, a Capcom
anuncia o que estávamos esperando durante todo esse tempo: o remake oficial de
Resident Evil 2.
Como será? A
história será a mesma? Teremos cenários novos? Câmera fixa ou acima dos ombros?
Pra qual console sai? QUANDO SAI? AAAAAAAHHH! Não adiantou a histeria, só
tínhamos o título do projeto e uma confirmação: estava confirmado. Era o
suficiente no momento. Só na E3 de 2018
fomos apresentados ao game, sim, após 3 anos sem muitas informações e um ótimo
Resident Evil 7 inaugurando a RE Engine no meio disso. Engine essa que foi
usada neste remake lançado no dia 25 de Janeiro.
Vamos lá! A história começa
do jeito que conhecemos e ao longo do jogo notamos algumas modificações, coisas
novas e personagens retrabalhados. Leon é o policial novato que está chegando em
Raccoon City para encarar o seu primeiro dia de trabalho e Claire está
procurando pelo seu irmão, Chris, sobrevivente do ocorrido na Mansão Spencer do
primeiro jogo. Após se darem conta do que está acontecendo na cidade, Leon e
Claire acabam se encontrando e se unem, mas logo são separados devido a um
acidente nas ruas. Agora eles precisam achar uma rota para a delegacia de
Raccoon City e lá se encontrarem novamente, onde tudo começa.
Quem jogou o
original sabe que o jogo possui quatro cenários, Claire A e B e Leon A e B.
Concluir o cenário A de um personagem libera o cenário B do outro. Como era
mostrado ao começar o cenário B, tudo nele ocorre ao mesmo tempo e no mesmo
lugar. Passamos por rotas diferentes, pegamos itens e armas diferentes, mas tem
coisas repetidas do cenário A. “Porque eu tenho que novamente resolver um
puzzle que o personagem do cenário A já resolveu?”. Esse é um exemplo do que eu
gostaria que não tivesse nesse remake, só que apesar das diferenças nas rotas,
infelizmente ainda temos as repetições. Esperava que os acontecimentos das duas
jornadas, como são chamadas agora, poderiam
ser entrelaçados de uma maneira melhor com um cenário de fato afetando o outro. A
falta disso é a minha única decepção com o jogo.
Porém, ele
brilha nos pontos positivos! Desde a demo aberta ao público, pude notar que
gráficos estão muito bons. Os visuais de Leon e Claire foram repensados, principalmente
Claire que agora usa uma roupa mais discreta, porém mantendo a cor vermelha que
se tornou o padrão da personagem após o rosa original. Ada Wong também ganhou
um novo visual que me lembra um pouco a sua arte conceitual da fase beta RE2
conhecida como Resident Evil 1.5, onde ainda se chamava Linda.
Os cenários e
objetos também estão muito bem feitos, coisa que já vimos que era possível
quando fomos apresentados à nova engine. A delegacia não tem mais aquele visual
“limpo” do original. Nesse remake, foi modelada como um lugar realmente deteriorado,
não tem luz em algumas áreas, é suja, muitos objetos espalhados e entulhados
pelos cantos, portas bloqueadas e etc. No começo até senti falta de uma coisa,
a possibilidade de interagir com os cenários. Mas precisa? Agora estamos numa
recriação totalmente em 3D dos ambientes que conhecemos e podemos ver tudo
detalhadamente imaginando o que ocorreu ali. Os esgotos são nojentos e escuros
e o crocodilo gigante está lá! Já os laboratórios estão muito modernos para uma
história que ainda se passa em 1998, mas isso não chegou a me incomodar. Ah, recomendo
muito jogar com fones de ouvido, o som desse jogo é excelente.
O que me mais me
agradou foi a jogabilidade. Ele pega a mecânica dos itens de defesa para quando
os inimigos te agarram, introduzida lá no remake do RE1 que falei
anteriormente, a dificuldade adaptativa do RE4, os gráficos e interface do RE7
e o todo o clima de RE2 com um tom mais sombrio e “pé no chão”. Os puzzles
estão presentes, alguns foram repensados e outros foram adicionados. Além do
que já deu certo antes, ele traz o novo sistema de dano nos zumbis, que é MUITO
bem feito, você pode desmembrá-los dependendo de onde atirar e um simples tiro
na cabeça às vezes não é o suficiente para matar os desgraçados, enquanto a
cabeça não estiver totalmente destruída eles podem voltar! Também tivemos
mudanças no funcionamento da faca, ela vai se desgastando toda vez que é usada
até quebrar, é um dos itens de defesa além das granadas e pode ser recuperada
dos corpos atingidos. Outra coisa bacana é que o famoso “ter que parar pra
atirar”, que muita gente reclamava, está de volta de uma maneira interessante, atirar
parado faz com que a mira da arma se feche e fique menor, possibilitando um dano
crítico no inimigo.
Existem muitas
armas e a munição é escassa. As vezes é bom verificar se é necessário atirar em
todos os inimigos que aparecem no seu caminho. Achei a quantidade de itens de
cura bem equilibrada e agora podemos misturar a erva vermelha com a azul sem precisar
da erva verde no meio disso, essa combinação acaba com o envenenamento causado pelo
inimigo, aumenta a resistência do personagem durante um tempo que é exibido no
canto inferior direito da tela e também ajuda a liberar espaço no inventário
enquanto você não acha as pochetes que permitem que ele seja expandido. Podemos
encontrar também modificações de armas do jogo que melhoram a eficácia e manuseio.
Alguns inimigos ficaram
de fora, como a aranha gigante, o Licker foi evoluído e temos um que foi
modificado. Ivy ou Plant 43, as plantas que andam, agora são cadáveres humanos tomados
por raízes e tumores. Continuando nos inimigos, o primeiro Licker dessa vez
aparece em outro lugar e tal qual ao original, barulho o atrai. É possível
passar por ele sem ser notado, mas se vacilar, já era, não adianta muito dar as
costas e fugir, pois o bicho é muito rápido e vai te alcançar. O Tyrant T-103
(Mr. X) te deixa tenso quando você escuta seus passos pesados, está mais
rápido, mais forte e vem com um ameaçador... CHAPÉU! Bem, se você não curtir
essa peça do look dele, é só derrubar com um tiro e o monstro ficará sem ele
pelo resto do jogo. Se além de derrubar o chapéu você quiser enfrentar o Tyrant
durante suas várias aparições indesejadas, boa sorte, o mais sensato a se fazer
é usar suas pernas, FUJA! Economize sua munição.
O monstro William
Birkin, vilão principal do jogo, também está mais rápido, aparece mais vezes e
precisa ser atingido nos olhos espalhados pelo seu corpo horrendo. Quando ainda
estava com sua parte humana exposta, escutei ele falar “Sherry”, que é o nome de
sua filha. Birkin chamando pela filha é uma ideia da fase beta do original que
foi descartada depois, achei legal adicionarem agora.
Os personagens
secundários também merecem ser mencionados. A filha de William e Anette Birkin. Sherry, é
novamente um personagem jogável. No seguimento dela há um “mini stealth” e não
precisa mais se preocupar em não deixá-la para trás quando você está jogando
com Claire. Ada Wong, que agora se apresenta como agente do FBI, também é
jogável e possui um aparelho que revela e sobrecarrega sistemas elétricos para
abrir portas e passagens nos dutos de ventilação, fazendo seu seguimento ser um
grande puzzle. O policial Marvin Branagh agora tem uma participação maior,
interagindo com você pelo rádio, mas o seu fim é o mesmo. O dono da loja de
armas Robert Kendo também foi retrabalhado e de uma maneira mais trágica que o
original. Anette Birkin está atrás da última amostra do G-Vírus (vírus causador
do incidente tendo sido espalhado pela cidade através dos ratos) para destruí-la
e evitar que caia em mãos erradas. Vale falar também do delegado, Brian Irons,
que dessa vez já é agressivo desde sua primeira aparição, se torna um inimigo no
segmento de Sherry e tem seu gosto por taxidermia apresentado de uma maneira muito
mais bizarra. Junto com essa atualização dos personagens temos a atualização
dos files do jogo, esses arquivos e anotações, que eu recomendo sempre procurar
por todos, te ajudam a entender melhor a história, os personagens, inimigos e o
lore bacana que Resident Evil possui.
Com tudo isso, nota-se
que o jogo consegue agradar os novatos, porém sem causar estranheza aos
veteranos. Foi muito divertido revisitar esse episódio da franquia e dou meus
parabéns à Capcom, temos aqui um ótimo remake! Quem sabe agora não temos algo do
mesmo nível com o Resident Evil 3?
NOTA: 9/10
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