sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Review - Dead Space


Em 2008, quando a EA tinha alguma moral e a Visceral Games estava viva, tivemos o surgimento de uma nova IP que traria uma experiência de "horror sci-fi" digna, pegando influência de filmes do gênero e jogos de survival horror, tivemos Dead Space, que apesar de ter muitas inspirações, trouxe algo novo para o gênero.

Já sabemos o destino da série hoje em dia, Dead Space 3 não agradou muito e a Visceral foi extinguida em 2016, então lembrarei desse clássico enquanto choro a morte da série e amaldiçoo a EA por serem um bando de sanguessugas.


Você controla Isaac Clarke, um engenheiro que foi enviado junto de uma equipe pra investigar e realizar reparos na USG Ishimura, uma enorme nave de mineração de planetas. Ao chegar lá, eles se deparam com a tripulação massacrada e infectada por uma praga que faz as pessoas voltarem a vida como monstros violentos, o que deixa a situação de Isaac mais preocupante, pois Nicole, sua namorada, havia lhe enviado uma mensagem de "despedida" meio esquisita antes dele ser mandado nessa missão.

Dead Space consegue estabelecer muito bem seu universo, lhe dando informações daquele mundo através de mensagens de texto, áudio e vídeo espalhadas pelo cenário e a pela campanha principal. Fora o que você faz dentro da Ishimura, que é uma nave misturada com estação espacial, e é bem interessante ver como tudo funcionava antes do desastre.

A parte de deixar Isaac como um "protagonista silencioso" me incomoda, pois os outros dois personagens da sua equipe, Hammond e Kendra, vivem discutindo, isso até cria outro suspense onde um dos dois pode estar relacionado ao que está ocorrendo, mas o protagonista não participa ativamente disso, parece apenas um robô sendo ordenado pra onde ir. Raras cenas onde há alguma reação, imagino que isso seja feito pra deixar o jogador mais imerso, algo como Half-Life, porém eu não sou fã desse tipo de narrativa e acho que aqui não funciona menos ainda.


Um aspecto curioso é como funciona a HUD, ela é integrada dentro do jogo em sua armadura, que tem um tubo nas costas com um indicador da sua vida e uma interface holográfica que aparece na sua frente pra mostrar o inventário, arquivos, objetivo e o mapa, além de todas as armas tem um indicador de munição holográfico também. Tudo isso é utilizado dentro do mundo de Dead Space e tem uma explicação lógica, coisas como  a plasma cutter, sua arma inicial, é uma ferramenta de engenheiro que acaba se tornando um ótimo recurso contra os necromorphs.

Necromorphs são uma praga que infectou a Ishimura, transformando pessoas em seres grotescos. O inimigo padrão é um humano com os braços alongados que vão por cima de sua cabeça e com lâminas em suas mãos, ao contrário da maioria dos jogos com seres mortos-vivos, o melhor jeito de matar seus inimigos é desmembrando-os. Eles costumam de atacar em grupo e são rápidos, podendo até entrar nas tubulações e te perseguir em outras salas.

Ao contrário de outros survival horror, Dead Space não tem muita exploração, já que o mapa é mais linear e a armadura te indica o caminho pra onde deve ir, e há pouca administração de inventário. Por mais que ele seja limitado, coisas como munição e health packs podem ser compradas e vendidas em lojas espalhadas pelo cenário, o que te deixa mais livre pra usar as armas que você quiser, mesmo assim não dá pra gastar munição a esmo. Fora isso, há um sistema de upgrade das armas e sua vida usando "nodes", que podem ser encontrados ou comprados na loja, algumas portas com bastante recursos só são abertas usando um node, eu mesmo abri todas as portas pois acho que os upgrades são meio desnecessários e gastam muitos nodes, mas isso é da escolha de cada jogador.


Por mais que o foco seja combate, não ache que será menos assustador, não só por alguns sustinhos e todo o clima grotesco, os confrontos em áreas cheias de necromorphs são tensos, algumas batalhas vão levar boa parte de sua munição e vida. Pelo menos da dificuldade difícil, há umdesafio bem justo e uma boa escala dessa dificuldade, apenas os chefes são fáceis demais, principalmente o último, que encerra o jogo de maneira meio fraca.

Além do combate, há alguns puzzles e pequenos modos, como atirar em asteróides com uma turret e a adição desses segmentos dão uma diferenciada que não acho muito necessária. Os puzzles são bem fáceis e só pela presença de inimigos no mesmo local o tornam interessantes, mas no fim, acaba adicionando mais conteúdo e deixando algo mais extenso que o necessário, principalmente pelo fato que áreas da Ishimura são bem parecidas e você revisitará algumas. Lá pro capítulo final do jogo, apesar de ser um dos mais interessantes, já estava meio de saco cheio pra tudo.


Dead Space foi um ar novo pro gênero de horror nos jogos, passando uma atmosfera macabra e combates viscerais, e mesmo tendo equipamentos e recursos, há sempre uma sensação de vulnerabilidade e o fim de cada batalha é um alívio. Talvez o maior mérito sejam os Necromorphs, sem dúvidas um dos inimigos mais únicos do gênero, mesmo com alguns tropeços na história e ritmo de jogo, é um clássico da geração passada, gerando uma bela franquia que a EA fez questão de estragar. Talvez, com o sucesso de Resident Evil 2, podemos contar com um renascimento, ou ao menos algum remaster, de qualquer forma, é uma boa pedida pra quem quer um jogo de survival horror e não tenha muito paciência pra exploração e inventário limitado.

Nota: 8

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